27 de outubro de 2011

A quem você serve? A Deus ou a igreja?


Escrito por 
A quem você serve? A Deus ou a igreja?
Estou indignada, e ao mesmo tempo triste com tal situação…já se ouve muitas vezes pessoas se esquecendo de Deus por viverem na religiosidade, cobrando algo que não precisam cobrar e muito menos fingirem ser.
Mas hoje coloco em pauta um outro assunto, que como tal vem tomando grandes proporções nos nossos dias.
Pessoas estão abandonando seu chamado, sua intimidade e santidade…abandonando Deus por causa de outras pessoas! Já reparou? Quando você pergunta à alguém que saiu da igreja, que se distanciou de Deus, que está “decepcionado com Ele”, a pessoa responde: ah, lá na igreja as pessoas são falsas, só tem problema, ninguém conversa comigo, olha aquele lá no púlpito não tem dignidade pra fazer o q faz! Viver minha vida fora dela eh bem melhor, as pessoas lá de dentro são muito piores que as aqui de fora”
PÁRA TUDO..espera aí….não quero discutir sobre obreiros e líderes de ministério e seus comprometimentos com Deus, não se discute o fato de que elas deveriam SIM dar exemplo e buscar o caráter de Cristo. Mas esse não é o assunto em questão. Gostaria de entender o porquê das pessoas se afastarem de Deus, se decepcionarem com Ele, sendo que o coração dEle também se entristece ao olhar para a não graça que tem pairado no mundo cristão.Você consegue enxergar que quem faz essa escolha, de rejeitar a Deus, seus planos, seus sonhos, a vida com Ele, está indo pro inferno??? Não, não, eu não estou exagerando…a Salvação não é conquistada pelo fato de vc simplismente dizer q aceita Jesus e ponto. Não, a partir daí se coloca uma VÍRGULA, um novo começo, uma nova história que ESCOLHEMOS deixar que Ele escreva. Se ser filho de Deus fosse recebê-lo num único dia da nossa vida, o apóstolo Paulo não teria dito: “Quero conhecer a Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu já tenha obtido tudo isso o tenha sido aperfeiçoado, mas PROSSIGO PARA ALCANÇÁ-LO, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus” Fp 3:10-12
E se você escolhe se afastar do Senhor como passará a eternidade ao lado dEle?? A graça nos foi dada, mas é mais que isso, ela precisa ser recebida por nós! E somente um coração humilde, que reconhece suas falhas e olha para o outro como que olhando para si mesmo, entende que a caminhada cristã é focada no alto e não nos lados. Esse coração pode ser lavado pela graça de Deus.
O quanto usamos nossa boca pra falar mal da igreja, dos ministérios, dos líderes, das pessoas? E o quanto usamos nossa boca pra clamar, orar, chorar desesperadamente pra que a situação mude, para que quem está em pecado se volte pra Deus, para que todos se unam pra caminhar juntos, crescendo em santidade!? Quanto tempo gastamos pensando em argumentos pra dar às pessoas que nos perguntam por que estamos afastados? E Quanto tempo gastamos para pensar em mudanças, em pequenas atitudes começando por nós mesmos, como ir conversar com quem vemos que precisa, e até se abaixar e segurar a mão de quem está caído? Quanto tempo usamos pra julgar as pessoas por tais situações se o pecado delas não é maior que o nosso só pelo fato delas estarem mais a frente e aparecendo mais do que nós? E Quanto tempo usamos para, ao invés de sair da igreja, fazer nossa parte em conversar com as pessoas certas, em não nos emburrarmos e continuarmos prosseguindo para o alvo por mais que tudo esteja desabando?
Uma oração muda tudo se ela for de coração e com fé.
Pare pra pensar…sua intimidade e vida com Deus não depende de ninguém, só de você! Você não precisa notar o que as pessoas ao seu redor fazem, pensam e dizem pra se relacionar com Ele, sua história é diferente, é pessoal e especial, Ele a fez pra você. A igreja é importante sim, traz comunhão e crescimento, e se você ficar pensando que do jeito que está não tem comunhão nem crescimento nenhum..é claro..as coisas não mudam, e você acaba contagiando as pessoas com pensamentos ruins e desânimos, e isso, tenho certeza que não agrada a Deus.
Não desanime pq há gigantes à sua frente, não desanime pq pessoas caem em pecados e são falhas…desanime sim, se você escolher viver dessa forma, sem acreditar que Deus é a essência da sua vida, e q Ele acreditar em você é o suficiente!

“Quando se deixa de reconhecer e valorizar o amor do Pai, o que se faz na verdade é colocar Deus contra a parede e privá-lo da oportunidade de nos amar de maneiras novas e surpreendentes” Brennan Manning – Convite à solitude.

.vanny

Quem é você?

Queridos, hoje eu vou compartilhar um texto de Brennan Manning, estou devorando um livro dele (“O Impostor que Vive em Mim”) e Deus tem me dado váários chacoalhoes. Que sacuda voces por dentro tambem! Abraço!
Certa noite em Coney Island, eu e alguns amigos estávamos na entrada de um restaurante comendo cachorros-quentes. Perto dali, a alguns metros, no meio da calçada, um homem negro derramava uma lata de cerveja sobre a cabeça e a blusa de uma jovem branca grávida. Ela não devia ter mais que 15 anos de idade.
O homem relatava com detalhes sórdidos como havia abusado sexualmente da moça no passado e o que tinha em mente para mais tarde. Ela começou a chorar. Alguém de nosso grupo viu a cena com desgosto e disse:
- Vamos dar o fora daqui.
Começamos a andar para o carro quando, como um sino que soa profundamente dentro da minha alma, ouvi: “Quem é você?”.
Parei como se meus sapatos estivessem colados no chão.
- Eu sou o filho do meu Pai – respondi.
- Essa é minha filha – foi a réplica.
Voltei, afastei a garota dali e conversei com ela durante vários minutos. Alguns espectadores começaram a gritar comigo, chamando-me por nomes vulgares. Naquela noite, lamentei, não pela multidão ou mesmo pela garota, mas por mim. Lamentei pelas inúmeras vezes em que havia agido como a sentinela silenciosa, com medo de reconhecer quem sou, incapaz de reconhecer ao menos minhas irmãs. Vi a dignidade da jovem sendo degradada e fiquei contente por me afastar. Eu havia violado minha própria identidade: “quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado”(Tiago 4:17).
Não raro somos automovidos e automotivados, em vez de ser movidos e motivados pelo Espírito. Quando o sentido do “eu” deriva de desejos básicos próprios, agimos de modo a obter a aprovação, evitar a crítica ou escapar da rejeição. Dietrich Bonhoeffer escreveu:
“Satanás deseja que eu me volte para dentro de mim mesmo até que seja escravizado e me torne uma força destrutiva na comunidade. O impulso de Jesus Cristo é para aumentar minha liberdade de forma que possa me tornar uma força de amor criativa. É o espírito do egocentrismo e do egoísmo contra o espírito da franqueza e da abnegação pelo beneficio dos outros”

Escrito por Lenara

19 de outubro de 2011

Mensagem do Papa em português na Vigília da JMJ

O Terço, oração repetitiva?



Certamente. Mas, o que no mundo que não se repete? Os astros percorrem sempre a mesma órbita. A terra gira sempre em torno do mesmo eixo. Os dias e as noites se sucedem sempre da mesma forma. As estações, os anos, os meses, os dias… obedecem sempre ao mesmo ciclo. As aves cantam sempre o mesmo canto. As árvores produzem sempre as mesmas flores e os mesmos frutos. Os animais e os seres humanos se multiplicam sempre da mesma forma. O coração bate no peito sempre do mesmo jeito. O sangue percorre sempre as mesmas veias… E quando queremos bem a alguém, nunca nos cansamos de dizer sempre a mesma palavra: eu te amo! Os anjos e os santos no paraíso cantam pela eternidade afora: Aleluia! Aleluia! Santo, santo, santo!…

Se assim é, por que em nossa oração, não deveríamos ouvir sempre a mesma Palavra de Deus, renovar sempre o mesmo Sacrifício e a mesma Ceia, repetir sempre o mesmo gesto de amor, balbuciar sempre a mesma invocação? Foi Deus quem nos fez assim, foi Jesus quem mandou que fosse assim, por que admirar-se de que sejamos assim? Tudo depende da qualidade do amor que nós colocamos naquilo que, ao longo da vida, podemos e devemos repetir milhares de vezes. O amor nunca se cansa, como o olho não se cansa de ver, o ouvido não se cansa de ouvir, o paladar não se cansa de saborear… Pelo contrário, na vida humana, a sucessão dos mesmos atos leva à aprendizagem, ao aprofundamento, à concentração.

O Terço de Nossa Senhora é a expressão concreta dessa realidade. Enquanto com a boca repetimos o Pai Nosso e a Ave Maria, a mente percorre, com Jesus, os mistérios de sua vida, paixão, morte, ressurreição e glorificação; e com Maria, os acontecimentos dos quais Ela participou, unida a seu Filho e à sua Igreja. Tudo adquire seu sentido na medida em que procuramos concentrar a atenção em Jesus, aprofundar o sentido de sua vida, manifestar o nosso amor a Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e a Nossa Senhora. Esta forma de fazer oração é tão antiga quanto a humanidade. Ela existe em todas as religiões, em todos os cultos, porque corresponde ao nosso modo humano de relacionamento com os outros e com Deus. No cristianismo, o costume de repetir a mesma invocação data desde os seus inícios.

O próprio Jesus nos ensinou a insistir em nossa oração até sermos atendidos. O Evangelho nos refere diversas palavras de Jesus, episódios em sua vida e parábolas que incutem essa maneira de fazer oração. Com o tempo, surgiram meios concretos de organizar esse tipo de oração, como são hoje os nossos terços e rosários feitos de todo tipo de material.

Quando Jesus nos adverte que não devemos repetir nossa oração como fazem os pagãos, Ele não condena a repetição da oração – do quê Ele nos deixou exemplos e mandamentos – mas condena o modo de fazer próprio dos pagãos, ou seja, a repetição pela repetição, sem o conteúdo do amor do coração, a repetição mágica, as palavras estéreis que não atingem o coração do verdadeiro Deus.

Que durante a recitação do Terço aconteçam distrações, é normal. Isso ocorre em qualquer oração, não somente no Terço: faz parte da nossa fraqueza. Deus não repara nisso, desde que não haja má vontade; Ele sabe de quê somos feitos… Pois bem, reze o Terço; podendo, reze o Rosário inteiro. Ponha nele todo o seu amor a Jesus e Maria, procure concentrar-se na meditação dos mistérios da nossa Salvação. É este um caminho de santificação recomendado pela Igreja, em particular pelos Papas e pelos Santos.

Em 16 de outubro de 2002, o Beato João Paulo II dirigiu a toda a Igreja uma carta recomendado a oração do Terço ou do Rosário. A carta começa assim: “O Rosário da Virgem Maria… na sua simplicidade e profundidade, permanece… uma oração de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade… Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o fiel alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor”.

O mês de outubro é dedicado ao Rosário de Nossa Senhora. Não deixe de invocá-la por meio da oração diária do santo Terço. O Terço é uma espécie de “corrente” que liga a terra com o céu pelas mãos de Maria. Ela mesma, em Lurdes e Fátima, pediu que rezássemos o Terço. Atenda você também o pedido de nossa santa Mãe!




Dom Hilário Moser, SDB
Bispo emérito da Diocese de Tubarão (SC)

Evangelizados para evangelizar







"Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21) é o título da Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Missionário Mundial de 2011.

O mês missionário quer despertar, cultivar e fazer crescer em cada um de nós a consciência missionária. O mandamento missionário, confiado aos Apóstolos, continua válido em nossos dias.

O primeiro missionário foi o próprio Cristo, enviado ao mundo pelo Pai para anunciar a Boa-Nova do Reino. Jesus, por sua vez, funda a Igreja e envia-a evangelizar todos os povos, depois de enviar sobre ela o Espírito Santo, que a acompanhará e conduzirá em sua tarefa. "Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!" (1 Cor 9,16). Neste sentido, a Igreja é toda missionária, "enviada", e o mundo inteiro é "terra de missão".

A missão é urgente. Constatamos que o número dos que ignoram a Cristo, dos indiferentes e sem religião, está aumentando. Urge, pois, renovar nosso empenho em levar a todos o Evangelho com o entusiasmo dos primeiros cristãos.

Trata-se, como lemos na Mensagem do Papa, do "serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade e a cada pessoa que está em busca das razões profundas para viver em plenitude a própria existência".

As pessoas que fizeram a experiência do encontro pessoal com Cristo ressuscitado sentem a necessidade de anunciá-lo aos outros, como fizeram os dois discípulos de Emaús. O beato João Paulo II exortava a estarmos "vigilantes e prontos para reconhecer o rosto do Ressuscitado e correr a levar aos nossos irmãos o grande anúncio: "Vimos o Senhor!"(NMI, 59).

Após dois mil anos de evangelização, existe um grande número de pessoas que ainda não chegaram ao conhecimento de Jesus Cristo e da sua Mensagem de salvação. E o que dizer daqueles que, embora tenham ouvido o anúncio do Evangelho, já não mais vivem a sua fé? Aumenta o número dos que vivem como se Deus não existisse...

Todos os seres humanos são destinatários do Evangelho. O Evangelho não é um bem exclusivo de ninguém. É um dom a ser partilhado, uma Boa Notícia a ser comunicada a todos. Essa tarefa foi confiada a todos os batizados e batizadas. As comunidades eclesiais, bem como cada fiel cristão, são responsáveis pela evangelização, não de maneira opcional, mas como "uma necessidade que se me impõe" (1 Cor 9, 16). Assim sendo, a dimensão missionária deve ser um compromisso assumido com ardor e amor por todos os fiéis cristãos, deve impregnar todas as pastorais e movimentos, levando a um maior conhecimento da pessoa de Cristo. Daí a necessidade de partirmos para a animação bíblica de toda a pastoral. Precisamos não só acolher a Palavra de Deus, senão também tornar-nos alma de toda a evangelização, isto é, rever nossas pastorais à luz da Palavra e nela aprofundar seu sentido missionário.

É necessário verificar a nossa vivência cristã e coerência com o Evangelho, a nossa atitude em relação à evangelização, para melhorar as nossas práticas e as nossas estratégias de anúncio. Precisamos interrogar-nos a fundo sobre a qualidade de nossa fé, sobre o nosso modo de sentir e de ser cristãos, discípulos missionários de Jesus Cristo enviados a anunciá-Lo ao mundo, de sermos testemunhas cheios do Espírito Santo (cf. Lc 24, 48s; At 1, 8), chamados a fazer, das pessoas de todas as nações, discípulos (cf. Mateus 28, 19s) (Documentos da Igreja - 6, Edições CNBB, 1ª Edição - 2011, pág. 18).

A realização do próximo Sínodo dos Bispos, cujo Tema é: "A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã", é motivo de esperança para um novo impulso da ação missionária.

"O Dia Missionário reavive em cada um o desejo e a alegria de "ir" ao encontro da humanidade, levando Cristo a todos!", exorta Bento XVI.

Enfim, anunciemos Jesus Cristo com alegria! "Maria é feliz porque tem fé, porque acreditou e, nesta fé, acolheu no seu ventre o Verbo de Deus para dá-Lo ao mundo" (VD, 124).


Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo Diocesano de Santo André - SP

18 de outubro de 2011

Definição de Amor

Este fim de semana fui visitar um casal que admiro muito – o Adrian e a Fran. Eles já estão quase 30 anos casados, e tem 3 filhos. O Adrian já é aposentado (mas ainda tem uns 50 anos) e a Fran é professora. E eles me deram uma aula sobre o que é o amor.
“Acho que descobri a definição do amor,” disse Adrian, entusiasmado.
“Amor é se doar pensando nos interesses de quem você ama, com a certeza que essa pessoa também se doará pensando nos seus interesses.”
Eu fiquei pensando um pouco, mas então entendi, como um sol que nasce no horizonte.
1. O amor nunca é egoísta, mas a paixão pode ser.
Sabe quando você ouve - “Olha! Como eles estão apaixonados. Ah, dá uns três meses que isso acaba!” Quando duas pessoas estão juntas com o único interesse de se sentirem bem, de curtirem a vida, e de uma busca individual pela felicidade, esta paixão pode ser egoísta. É por isso que as vezes acaba tão rápido, como o casal que se declarava amores e acaba da noite pro dia. Quando o relacionamento é egoísta, ou quando um dos dois é egoísta, é muito difícil que ele dure bastante tempo com intensidade.
Mas o que significa se doar? E o que significa pensar nos interesses de outra pessoa?
2. O amor não tem “eu” no centro, mas sim “o outro”
Pare e pense: você está namorando porque quer fazê-la feliz, ou porque não quer ficar sozinho? Quem é o centro dessa história?
Solteiras(os), pensem: você quer namorar porque sabe que está pronta(o) para buscar fazer alguém feliz, ou porque você cansou de ficar sozinha(o) e quer um ombro pra poder descansar? (ou uma boca para beijar?)
Se doar é pensar no outro antes de você. Este é o princípio cristão:
Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.
Filipenses 2:3-4
A pergunta crítica é: “mas e se eu realmente amo e me dou por inteiro(a) e a pessoa que está comigo não?”
3. Amor atrai amor
O amor pode ser recíproco ou não. Pense em Jesus – Ele nos amou quando ainda éramos pecadores, e mesmo assim Ele se doou por completo. Mas para um relacionamento poder funcionar por completo (como a noiva de Cristo), e experimentar a essência do amor, um princípio fundamental é areciprocidade.
Meus queridos, não caiam no mesmo erro que tantos outros. Existem dois caminhos na vida – o [1] de sabedoria e o [2] de tentativa e erro. Se você abrir seus ouvidos para quem quer seu bem e não desprezar os conselhos dos seus pais, você será sábio. Existe um grande precipício em relacionamentos que é a falta de reciprocidade. Quando você ama alguém e essa pessoa não te ama tanto, você sofre. Por quê? Porque fomos feitos para amar e sermos amados.
Alguns conselhos práticos:
(1) Tome cuidado com o idealismo. A pessoa que você admira tanto é tão humana quanto você.
(2) Se você ama muito alguém, mas essa pessoa não quer nada com você, cuidado para não insistir e se machucar profundamente.
(3) O amor é simples, é uma amizade recíproca que os dois se preocupam um com o outro. Cuidado para não achar que é algo extraordinário e de outro mundo, porque senão você pode se frustrar.
(4) Se você dá milhões de presentes e escreve milhões de cartas e a pessoa responde com um simples ‘obrigado’ ou as vezes nem isso, o relacionamento não é recíproco. Não ache que está tudo bem.
(5) Se você quer alguém pro resto da sua vida, pense em alguém que você vai cuidar quando ela precisar. E então pense se esta pessoa permanecerá ao seu lado no desastre, na dor, na dificuldade.
Adrian e Fran se respeitam bastante. Ele lava a louça para ela quando ela está cansada, eles saem juntos no fim de semana para teatros, musicais, parques. Eles se entendem, mesmo que tenham algumas discussões e não sejam perfeitos.
“Sabe, tem muitas coisas na Fran que eu não gosto.” Adrian disse, rindo para ela.
“É eu sei bem disso,” ela disse com bom humor.
“Mas ao longo dos anos, escolhi ignorar certas coisas que me incomodam. E amar é abrir mão de alguns dos meus interesses para fazê-la viver com os seus interesses.”
Eles me explicaram como que se conheceram, e como sabiam que haviam sido feitos um para o outro. Falaram que ao longo das muitas crises da vida, é muito importante ter certeza que seu parceiro(a) te ama. E até hoje, se tratam como namorados.
É muito difícil definir amor. A busca dos interesses do outro, a reciprocidade e a amizade são características essenciais, mas existem muitas formas de enxergar o dom perfeito.
Mas seja como for que você veja o amor, lembre-se que todo o Cristianismo se baseia em duas frases: “Ame a Deus com tudo que você é. Ame ao próximo como a si mesmo.”
Esteja disposto a viver esta verdade, e ao passar dos anos, tenho certeza que você saberá muito bem qual é a verdadeira e eterna definição de amor.

Matheus Ortega

17 de outubro de 2011

O verdadeiro Sucesso


 A história de José nos ensina muitas lições de vida. Além de mostrar como ele foi homem de caráter e negou cometer adultério com a esposa de Potifar, essa história também fala de uma verdade simples e profunda – quando Deus está conosco, Ele nos traz sucesso.
Em primeiro lugar, sucesso não é conseguir o que você quer, ou ser melhor do que os outros. O maior sucesso que existe viver a vida que Deus te chamou pra viver, que você foi criado para ter.
José foi rejeitado pelos seus irmãos, vendido como escravo para uma terra distante, de outra língua e cultura.
  • José não tinha nada a perder
O que você tem a perder? Se você abrir mão de sua vida, tendo nada a perder, Deus então te usará para fazer grandes coisas.
 “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará.” (Marcos 8:35)
  • José era trabalhador e esforçado
O Reino dos Céus não é para os preguiçosos, envergonhados, acomodados. A Parábola dos Talentos nos ensina que todos temos dons e qualidades que Deus nos deu, e nosso objetivo é trabalhar para multiplicar isso.
Meu conselho para você é: estude, trabalhe, seja esforçado, sirva na igreja, ajude os necessitados, tenha iniciativa, levante-se e faça a diferença.
Competência significa relevância. Sejamos relevantes nesse mundo de trevas.
“O preguiçoso deseja e nada consegue, mas os desejos do diligente são amplamente satisfeitos.” (Provérbios 13:4)
  • José tinha sucesso em tudo que fazia
Assim como os israelitas, que Deus levou à terra que mana leite e mel, Deus quer te dar as nações como herança. Assim como a Davi, que Deus levantou como um dos maiores Reis da História, Deus quer te usar neste mundo. Assim como Jacó, que Deus lhe deu muitos bens e bênçãos, Deus quer te abençoar.
“O Senhor estava com José, e que o fazia prosperar em tudo o que realizava” (Genesis 39:3)
Mas o que é prosperidade? E o que é sucesso? E para quê temos a benção de Deus?
José se tornou o príncipe do Egito. Deus o ergueu nessa alta posição não para que Ele pudesse esnobar seus irmãos e se sentir maior. A Bíblia mostra que naquela época houve uma grande seca na terra, de tal forma que não havia mais comida para comprar em todo o Egito e Canaã.
A prosperidade de José abençoou o Egito, e a prosperidade do Egito trouxe salvação da fome para o mundo. Deus usou José para salvar o mundo de um grande sofrimento, e assim mostrar sua glória para a humanidade.
Da mesma forma, Deus quer te fazer ter sucesso para que você traga glória para o nome dEle.
Um grande exemplo disso é o Kaká. Ele trouxe glória a Deus com sua excelência no futebol, e mostrou-se ao mundo como uma referência de um jovem que casou virgem e tem princípios cristãos.
O Verdadeiro Sucesso
Busque o sucesso de amar e ser amado por Deus.
Busque o sucesso de doar seus bens ao necessitado.
Busque a prosperidade de servir e ajudar aos outros (porque melhor é dar do que receber).

13 de outubro de 2011

Já sei namorar?!...



- E aí galera, vocês também entraram nessa de andar cantarolando: “Já sei namorar”? De uma forma ou de outra, estamos metidos “na onda”, ainda que sem perceber. E sabem como? Primeiro, vem aquela fase do “tenho que aprender a beijar”, ou seja, “beijar muitoooooo”, e assim vamos seguindo os instintos, sem fazer uma leitura um pouquinho mais apurada de nós mesmos. Contando, é claro, com o incentivo da onda do momento.

Desta forma, nossos relacionamentos vão se tornando um verdadeiro copinho descartável – só serve uns minutos, naquela noite, depois... LIXO!!! Então, vamos tornando nossa afetividade uma lixeira sem perceber. E ninguém pára, vai apenas acumulado “restos estragados” que não servem nem para olhar quanto mais para tirar boas coisas, aprendizado, amadurecimento.

Na verdade, sorrateiramente, buscamos no namoro apenas o prazer, privando-nos assim da beleza de uma experiência do autêntico amor humano, dom de Deus para as nossas vidas. Daí surgem as competições entre homens e mulheres, a mentalidade de que temos que tirar proveito do outro. Um ALERTA, infelizmente esse tipo de relacionamento não faz ninguém feliz, por isso não é o que Deus quer para nós. Se liga, meu! (como dizem os paulistas).

No fundo, todos querem um namoro legal – com uma pessoa “gente boa” – através do qual, juntos, se possa crescer e ser feliz. Para isso, um bom início é pedir o auxílio do Espírito Santo, que nos liberte de toda mentalidade distorcida, dos apegos a coisas tão pequenas como aparência ou dinheiro, carro, etc. Dentro de todo mundo rola esse negócio de medo, mil pensamentos, reservas, “será que vou me ferir de novo?”, “meu negócio é ser de todo mundo e todo mundo é de ninguém” (?). Seja amigo de Deus, como São José foi, e olha só com quem ele se casou: a mulher mais perfeita que o mundo já conheceu. Que o amava, mesmo sabendo que ele era pecador.

Não se pode esquecer que é preciso cultivar a amizade, até os estudiosos dizem isso. É através da amizade que vamos nos conhecendo reciprocamente, não se ama o que não se conhece. Vamos descobrindo a riqueza que é o outro e revelando a nossa. Então, o sentimento começa a tomar forma; e a nossa razão, livre dos enganos das paixões, vai nos fazendo discernir o que realmente sentimos um pelo outro. Isso, unido à oração – para colhermos o tempo de Deus juntos – é show de bola.

Deus é amor, portanto, para amar é preciso ficar grudado em Deus, que transforma o egoísmo em altruísmo. Para que a gratuidade das delicadezas e a feliz renúncia encontre um lugar em nossas vidas. Nossa Senhora, para todo namoro autenticamente cristão, será uma força, na castidade e nos desafios do dia-a-dia. Não é fácil, mas com os dons que Deus nos dá, poderemos ser essa luz que brilha no mundo e “nadar contra a correnteza”, fazendo as coisas de modo diferente da maioria das pessoas. Amor também é criatividade, espontaneidade, é disso que surgem as pequenas alegrias, que vão embelezando e dando prazer à vida.

Precisamos de santos

“Precisamos de santos que estejam no mundo e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos.” (Papa João Paulo II).

Precisamos de santos sem véu ou batina.
Precisamos de santos de calças jeans e tênis.
Precisamos de santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com amigos.
Precisamos de santos que coloquem Deus em primeiro lugar e que se “lascam” na faculdade.
Precisamos de santos que tenham tempo diário para a oração e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que consagrem sua castidade.
Precisamos de santos modernos, santos do século XXI, com uma espiritualidade inserida em nosso tempo.
Precisamos de santos comprometidos com os pobres e com as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de santos que vivam no mundo, que se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de santos que bebam coca-cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas.
Precisamos de santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar uma cervejinha ou comer uma pizza nos fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança.
Precisamos de santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.

A Igreja não acreditava que o escravo tivesse alma?


No Programa "Fantástico" da Rede Globo, de domingo 21 out 07, foi dito que a Igreja aceitava a escravidão porque acreditava que os escravos não tinham alma. Ora, isto não é verdade, pelo que mostraremos adiante. 

A escravidão é tão antiga quanto o ser humano. Em princípio, estava associada às guerras em quase todos os povos; os vencidos eram feitos escravos, na Grécia, em Roma, mas também entre os incas e astecas do México antigo. O guerreiro vencido ser tornava propriedade do vencedor. Entre muitos povos também se tornava escravo do credor quem não pudesse pagar as suas dívidas, vendia a sua pessoa ou os seus filhos e familiares ao credor. Na Grécia praticava-se o rapto, especialmente de crianças, e as crianças abandonadas pelos pais podiam ser recolhidas como escravos. No período áureo de Atenas, havia na Grécia 15% de homens livres e 85% de escravos. Na Mesopotâmia havia escravos de certo nível cultural, eram prisioneiros de guerra, como muitos judeus deportados para a Babilônia no ano 570 aC. No Império Romano, os escravos faziam trabalhos domésticos, e podiam ter funções administrativas e burocráticas e até em altos cargos.

Em alguns lugares os escravos podiam trabalhar por conta própria, pagando ao patrão uma parte do que ganhavam e juntar algum dinheiro para comprar a sua liberdade. Nos séculos II-I a.C. em Roma a escravatura atingiu o auge. Todas as atividades como agricultura, indústria, comércio, construção civil e outras atividades da civilização antiga dependiam da escravatura; sem isto nem a vida pública nem a doméstica se sustentariam no Império Romano, pode-se dizer que a sociedade romana se baseava sobre o trabalho escravo. Querer abolir a escravidão na Antiguidade equivaleria a querer acabar com o trabalho assalariado de nossos dias; a sociedade pararia de funcionar.

Isto explica porque o Cristianismo, embora ensinasse a igualdade de todos os homens (cf. Gl 3,28; Rm 10, 12; Cl 3,11; 1Cor 12, 13), não tenha podido e conseguido acabar de imediato com a escravatura no Império Romano. É bom lembrar que a própria Bíblia no Antigo Testamento, dentro do contexto da moral do tempo, reconhecia a escravidão de estrangeiros (cf. Lv 25, 44-55).

Tudo isso constituía uma mentalidade de peso, um forte traço da cultura da época. Note que entre certos povos a escravidão existiu até o século XX; por exemplo, somente em 1962 foi oficialmente abolida na Arábia Saudita. Um relatório apresentado em 1955 em sessão da ONU asseverava a existência de indícios de escravidão e práticas semelhantes ainda em determinadas regiões, como a península arábica, o Sudeste asiático, a África e a América do Seul. Recentemente espalharam-se notícias de que o Sudão (África) tem plena vigência a escravatura.

O Apóstolo São Paulo dava instruções a senhores e escravos a fim de que convivessem em harmonia. (cf; Ef 6, 5-9; Cl 3, 22-41; 1Cor 7, 21-23; Tt 2,9s); o escravo Onésimo, fugitivo do seu senhor Filemon, e depois batizado por São Paulo, foi devolvido pelo Apóstolo a seu patrão com uma Carta, que pedia desse um tratamento fraterno para o escravo cristão. Nas palavras de São Paulo a Filemon se vê com facilidade que ele amava o escravo como um ser humano, e não como alguém que não tivesse alma; e isto já por volta do ano 50.

O Concílio de Nicéia (ano 325), o primeiro que a Igreja realizou, afirma que escravos haviam sido admitidos ao sacerdócio.

O Papa S. Calisto, do ano 217, por exemplo, foi um escravo liberto. Ora, como a Igreja poderia ter acreditado, então, que o escravo não tinha alma? Muitos fatos históricos mostram que a Igreja sempre defendeu e protegeu os escravos, exatamente por ver neles filhos de Deus dotados de alma imortal.

Existia na Igreja a Ordem da SS. Trindade, desde 1198, e a dos Mercedários ou Nolascos desde 1222, destinadas a redimir os cativos detidos pelos Sarracenos. (cf. História de Portugal, vol. IV , Damião Peres (Dir.) Barcellos, Portucalense Editora 1932, p. 565).

Por acaso S. Benedito (1526-1589), o santo negro, o Mouro, não foi descendente de escravos? Como a Igreja poderia canonizar um santo negro se não acreditasse que ele tem alma?

Em uma Carta do Papa João VIII, datada de setembro de 873 e dirigida aos Príncipes da Sardenha, ele diz:

"Há uma coisa a respeito da qual desejamos admoestar-vos em tom paterno; se não vos emendardes, cometereis grande pecado, e, em vez do lucro que esperais, vereis multiplicadas as vossas desgraças. Com efeito; por instituição dos gregos, muitos homens feitos cativos pelos pagãos são vendidos nas vossas terras e comprados por vossos cidadãos, que os mantêm em servidão. Ora consta ser piedoso e santo, como convém a cristãos, que, uma vez comprados, esses escravos sejam postos em liberdade por amor a Cristo; a quem assim proceda, a recompensa será dada não pelos homens, mas pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isto exortamo-vos e com paterno amor vos mandamos que compreis dos pagãos alguns cativos e os deixeis partir para o bem de vossas almas" (Denzinger-Schönmetzer, Enquirídio dos Símbolos e Definições nº 668).

O Papa Pio II, em 7 de outubro de 1462, condenou o comércio de escravos como magnum scelus (grande crime).

O Papa Pio VII (1800-1823) enviou uma Carta ao Imperador Napoleão Bonaparte da França, em protesto contra os maus tratos a homens vendidos como animais, onde dizia:

"Proibimos a todo eclesiástico ou leigo apoiar como legítimo, sob qualquer pretexto, este comércio de negros ou pregar ou ensinar em público ou em particular, de qualquer forma, algo contrário a esta Carta Apostólica" (citado por L. Conti, "A Igreja Católica e o Tráfico Negreiro", em 'O Tráfico dos Escravos Negros nos séculos XV-XIX". Lisboa 1979, p. 337).

O mesmo Sumo Pontífice se dirigiu a D. João VI de Portugal nos seguintes termos:

"Dirigimos este ofício paterno à Vossa Majestade, cuja boa vontade nos é planamente conhecida, e de coração a exortamos e solicitamos no Senhor, para que, conforme o conselho de sua prudência, não poupe esforços para que... o vergonhoso comércio de negros seja extirpado para o bem da religião e do gênero humano".

Pio VII também muito se empenhou para que no Congresso Internacional de Viena (1814-15) a instituição da escravatura fosse condenada e abolida

O famoso bispo de Chiapa, na América, Frei Bartolomeu de las Casas (1474-1566), levantou-se em defesa dos índios contra sua escravidão. No início do século XVI o dominicano Domingos de Minaja viajou da América Espanhola a Roma, a fim de relatar ao Papa Paulo III (1534-1549) os abusos ocorrentes com relação aos índios. Em conseqüência, o Pontífice escreveu a Bula "Veritas Ipsa" (1537), onde condena a escravidão:

"O comum inimigo do gênero humano, que sempre se opõe as boas obras para que pereçam, inventou um modo, nunca dantes ouvido, para estorvar que a Palavra de Deus não se pregasse as gentes, nem elas se salvassem. Para isso moveu alguns ministros seus que, desejosos de satisfazer as suas cobiças, presumem afirmar a cada passo que os índios das partes ocidentais e meridionais e as mais gentes que nestes nossos tempos tem chegado à nossa notícia, hão de ser tratados e reduzidos a nosso serviço como animais brutos, a título de que são inábeis para a Fé católica, e, com pretexto de que são incapazes de recebe-la, os põem em dura servidão em que têm suas bestas, apenas é tão grande como aquela com que afligem a esta gente. Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios a todas as mais gentes que aqui em diante vierem a noticia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos a servidão".

Neste texto merece atenção especial a menção de índios e "das mais gentes", que são os africanos. A uns e outros Paulo III quer defender. Por isto acrescenta:

"Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios e todas as mais gentes que daqui em diante vierem à notícia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos à servidão".

Essa Bula de Paulo III teve grande efeito, tanto assim que a 30 de julho de 1609 El-Rey promulgou lei que abolia por completo a escravidão indígena: "Declaro todos os gentios daquelas partes do Brasil por livres, conforme o direito e seu nascimento natural, assim os que já foram batizados e reduzidos a nossa Santa fé católica, como os que ainda servirem como gentios, conforme a pessoas livres como são".

Aos 24.4.1639 o Papa Urbano VIII (1623-1644) publicou o Breve "Commissum Nobis", incutindo a liberdade dos índios da América. No seu Breve, o Papa ordenava, sob pena de excomunhão reservada ao Pontífice, que ninguém prendesse, vendesse, trocasse, doasse ou tratasse como cativos os índios da terra. Dispunha ainda que a ninguém seria lícito ensinar ou apregoar o aprisionamento dos mesmos. Por causa disso, revoltaram-se os colonos no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Santos e no Maranhão. Os Jesuítas foram perseguidos, sendo expulsos de São Paulo, Santos e do Maranhão, para onde só puderam voltar tempos depois.

Por outro lado, o segundo bispo do Brasil, D. Pedro Leitão (1559-1573), assinou aos 30.7.1566 na Bahia, com o Governador Mem de Sá e o Ouvidor Dr. Brás Fragoso, uma junta em defesa dos índios; defendia-os contra os abusos dos brancos e dava maior apoio aos aldeamentos instaurados pelos jesuítas.

O famoso Pe. Antônio Vieira (1608-1697), por vezes considerado como aliado dos senhores da terra contra os escravos, na verdade assumiu posição de censura aberta aos patrões. Disse ele:

"Saibam as pretos, e não duvidem, que a mesma Mãe de Deus é Mãe sua... porque num mesmo Espírito fomos batizados todos nós para sermos um mesmo corpo, ou sejamos judeus ou gentios, ou servos ou livres" (Sermão XIV).

"Nas outras terras, do que aram os homens e do que fiam e tecem mulheres se fazem os comércios: naquela (na África) o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é o que se vende e compra. Oh! trato desumano, em que a mercancia são homens! Oh! mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias e as riscos são das próprias! " (Sermão XXVII).

"Os senhores poucos, e os escravos muitos, os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome, os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros, os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como deuses. /.../ Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com a sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem como os nossos? Não respiram com a mesmo ar? Não os cobre o mesmo. céu? Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que as domina, tão cruel?". (Sermão XXVII sobre o Rosário, in Sermões, vol 12, Porto, 1951, p.333-371)

Na Bula "Immensa Pastorum", de 1741, o Papa Bento XIV (1740-1758) condenou a escravidão.

O Papa Gregório XVI (1831-1846) em 3.12.1839 disse: "Admoestamos os fiéis para que se abstenham do desumano tráfico dos negros ou de quaisquer outros homens que sejam ".

O Papa Leão XIII (1878-1903), disse na Carta "In Plurimis", em 5.5.1888 aos bispos do Brasil:

"E profundamente deplorável a miséria da escravidão a que desde muitos séculos está sujeita uma parte tão pequena da família humana".

O papel da lgreja frente à escravatura preparou a libertação dos escravos, assinada finalmente em 13/05/1888 pela Regente, Princesa Isabel. A fim de comemorar este evento, o Papa Leão XIII enviou à Princesa a Rosa de Ouro, sinal de distinção e benevolência de Sua Santidade.

Não fosse cansativo para os leitores poderíamos ainda encher páginas e mais páginas mostrando o belo trabalho da Igreja na defesa dos índios e dos negros. Mas creio que bastam os fatos citados para desmentir o anunciado pelo Programa Fantástico.

Bibliografia utilizada neste artigo:

Revista "Pergunte e Responderemos", D. Estevão Bettencourt: N. 448/1999 - pg. 399-409; Nº 318 - Ano 1988 - Pág. 509; N. 267/1983, pp. 106-132; N. 274/1984, pp. 240-247.

Terra, João Evangelista Martins, "A Igreja e o Negro no Brasil". Ed. Loyola 1983.

Bíblia, Igreja e Escravidão. Coordenador João Evangelista Martins Terra S. J. Ed. Loyola 1983.

Carvalho, José Geraldo Vidigal, « A Escravidão. Convergências e Divergências". Ed. Folha de Viçosa, 1988.

Carvalho, José Geraldo Vidigal, "A Igreja e a Escravidão. As Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos". Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Rio de Janeiro, 1988.

Balmes, Jaime, "A Igreja Católica em face da Escravidão", São Paulo 1988.



Prof. Felipe Aquino

As Mulheres chegaram à frente!



A vida histórica de Cristo sempre esteve envolvida pelo mistério da presença das mulheres. Elas chegaram à frente!. Apesar da cultura machista, muitas vezes acusada, com razão, de desvalorizar e desprestigiar a figura feminina, elas estão num plano superior ao dos homens quando olhamos para o início do papel que lhe coube na história da salvação. Criados à imagem e semelhança divinas, homem e mulher, cada um na sua singularidade, participam de todos os dons espirituais que Deus lhes dispensa no processo salvador da encarnação de seu divino Filho.


Por conta do preconceito e da confusão gerada pela dificuldade de compreendermos o alcance do significado do termo “homem”, enquanto um terno genérico para o que entendemos por “homem e mulher”, isto é, a nossa humanidade, de uns tempos para cá, instaurou-se o problema, suscitado pelas feministas, de que, para combater o machismo, agora, os gêneros dos dois sexos devem ser colocados lado a lado, como por exemplo, no discurso: “prezado pai e prezada mãe!”. Dizer apenas “prezados pais” descaracteriza ou relega a importância de um dos dois ao desprezo da cultura machista ou feminista. Penso que são complicações desnecessárias ao respeito devido a todos. Pelos menos, até onde sei, os gramáticos ainda não definiram novas regras gramaticais que contemplem a possibilidade de desfazer a beleza estética quando temos de ler citações do tipo “dos/as excluídos/as”, “os/as alunos/as”. Assim como o terno homem engloba o gênero humano, isto é, homem e mulher, preocupações desse tipo deveriam ser superadas pela elasticidade criativa de nossa mentalidade. Quando, por exemplo, eu afirmo que “as mulheres chegaram à frente”, não estou querendo dizer que os homens ficamos para trás. Muito pelo contrário, quando eu afirmo “mulheres”, faço referência ao gênero humano, à nossa humanidade, enfim, a todos nós.


Vasculhando o vocabulário do Antigo Testamento, encontramos o termo hebraico ’ādām, que significa “homem, a espécie humana; humano, alguém; Adão (o primeiro homem)”. Assim, “esta palavra se liga com o fato de o homem ter sido feito à imagem de Deus, a coroa da criação. Deve ser distinta de ’ish (homem em contraste com a mulher, ou distinto por sua masculinidade) [...]. É também usado no título ‘’ab ‘adam’, ‘pai da espécie humana’. ’ādām aparece unicamente no absoluto singular em suas 562 ocorrências” no AT. Essa concepção bíblica do homem, evidentemente, envolve também a figura da mulher, pelo fato de ambos serem dotados de alma ou espírito, capacidade ou faculdades físicas, integridade intelectual e moral, corpo e domínio sobre a criação inferior, isto é, sobre os outros seres limitados à sua irracionalidade. Portanto, “é significativo o fato de que as primeiras palavras de Deus ao homem são tanto um mandamento como uma proibição (Gn 2,16-17); somente o homem é responsável por sua decisão, somente ele determina o seu destino por meio de uma escolha volitiva [relativo à volição, à vontade] e apenas ele é julgado como justo ou pecador pela lei de Deus.


Uma teologia bíblia mais antiga sustenta que a ‘semelhança divina refere-se antes à dignidade total do homem em virtude da qual a natureza humana é nitidamente distinta da natureza dos animais; o homem, como ser livre, está acima da natureza, e foi criado para manter comunhão com Deus e para ser seu representante na terra [que responsabilidade!!]’ (Oehler, G. F., Old testamente theology)”.


Feitas as sobreditas considerações, é, pois, nessa consciência e perspectiva que eu me permito falar da festa da assunção de Nossa Senhora, celebrada no Brasil, no domingo imediatamente seguido ao dia 15 de agosto. Depois de Cristo, somente sua mãe já participa da glorificação de seu como no céu, aonde ela subiu – foi elevada – em corpo e alma. A humanidade de Maria já participa da gloriosa ressurreição de seu divino Filho. E essa realidade da plenitude do mistério de nossa salvação em Cristo, é para todos nós, homens e mulheres. Ou seja: todos podemos encontrar-nos em Maria. Ela é a síntese da nossa vida futura, enquanto mérito da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, de cujos frutos espirituais ela é a primeira a participar plenamente. De fato: “Nas homilias e orações para o povo na festa da Assunção da Mãe de Deus, os santos padres e grandes doutores dela falaram como de uma festa já conhecida e aceita. Com a maior clareza a expuseram; apresentaram o seu sentido e conteúdo com profundas razões, colocando especialmente em plena luz o que esta festa tem em vista: não apenas que o corpo morto da Santa Virgem Maria não sofrera corrupção, mas ainda o triunfo que ela alcançou sobre a morte a e sua celeste glorificação, a exemplo de seu Unigênito, Jesus Cristo” (Papa Pio XII, Constituição Apostólica Munificentíssimus Deus, 1950). E o Papa Pio XII continua: “São João Damasceno, entre todos o mais notável pregoeiro desta verdade da tradição, comparando a Assunção em corpo e alma da Mãe de Deus com seus outros dons e privilégios, declarou com vigorosa eloquência: ‘Convinha que aquela que guardara ilesa a virgindade no parto, conservasse seu corpo, mesmo depois da morte, imune de toda corrupção. Convinha que aquela que trouxera no seio o Criador como criancinha fosse morar nos tabernáculos divinos. Convinha que a esposa, desposada pelo Pai, habitasse na câmera nupcial dos céus. Convinha que, tendo demorado o olhar em seu Filho na cruz e recebido o peito a espada da dor, ausente no parto, o contemplasse assentado junto do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse tudo o que pertence ao Filho e fosse venerada por toda criatura como mãe e serva de Deus’”.


As palavras do Santo Padre revelam-nos a grandeza do mistério da humanidade de Maria resplandecente de glória e beleza ao lado de seu Filho nos céus, onde todos queremos encontrar-nos um dia, participando dos bens eternos de Cristo. Essa é a fé da Igreja e nossa bendita esperança!.


Considerando que Maria está misteriosamente ligada ao seu Filho desde toda a eternidade, “pelo mesmo desígnio de predestinação, a augusta Mãe de Deus, imaculada na concepção, virgem inteiramente intacta na divina maternidade, generosa companheira do divino Redentor, que obteve pelo triunfo sobre o pecado e suas consequências, ela alcançou ser guardada inume da corrupção do sepulcro, como suprema coroa dos seus privilégios. Semelhantemente a seu Filho, uma vez vencida a morte, foi levada em corpo e alma à glória celeste, onde rainha, refulge à direita do seu Filho, o imortal rei dos séculos” (Papa Pio XII). Tendo Cristo como “o imortal rei dos séculos”, todos pertencemos à sua mesma imortalidade, cuja plenitude viveremos no céu. Em Maria, sua Mãe Santíssima, as mulheres chegaram à frente, e, com ela, toda a nossa humanidade.


A história da salvação é o profundo mistério da manifestação radical do amor de Deus por todos os homens. Ou seja: “a queda tornou inferior a posição do homem diante de Deus (Gn 6,5-6; 8,21), interrompeu sua comunhão com Deus e trouxe a maldição da morte sobre ele de modo que não cumpriu sua exaltação planejada para o homem. Tal parte da imagem divina que consistia em conhecimento, justiça e santidade verdadeiros foi destruída. Somente Cristo e por meio dele, o novo Adão (Rm 5,12-21), é que a promessa divina original pode ser concretizada”. Maria, a mãe de Jesus, que não foi tocada pela maldade do pecado, tem o privilégio de ser a motivação de nossa esperança. De fato, olhado para Maria, contemplamos nossa vida futura na glória de Deus, mesmo sendo Cristo Ressuscitado a fonte e o modelo da glória que nos espera.


Gostaria de concluir a reflexão com um pensamento e uma oração de Martinho Lutero:


“Ela [Maria] quer ser o maior exemplo da graça de Deus para poder incitar-nos a todos a termos confiança e a louvarmos a graça divina. Todos os corações deveriam, através dela, adquirir tal confiança que pudessem dizer: Deus não nos desprezará, mas olhará benignamente para nós, homens pobres e mesquinhos… Ó bem-aventurada Virgem, Mãe de Deus, que grande consolação nos mostrou em ti! Tendo Ele olhado com tanta graça para a tua humildade e nulidade, recorda-nos assim que Ele não desprezará, mas olhará graciosamente para nós, homens pobres, que seguimos o teu exemplo…” Amém!.

por Pe. GILVAN Rodrigues dos Santos

11 de outubro de 2011

O que é "Halloween" e o que se celebra realmente nesta data?



- Significado 

Halloween significa "All hallow's eve", palavra que provém do inglês antigo, e que significa "véspera de todos os santos", já que se refere de noite de 31 de outubro, véspera da Festa de Todos os Santos. Entretanto, o antigo costume anglo-saxão lhe roubou seu estrito sentido religioso para celebrar em seu lugar a noite do terror, das bruxas e dos fantasmas. Halloween marca um triste retorno ao antigo paganismo, tendência que se propagou também entre os povos espanos. 

Origens 

A celebração do Halloween se iniciou com os celtas, antigos habitantes da Europa Oriental, Ocidental e parte da Ásia Menor. Entre eles habitavam os druidas, sacerdotes pagãos adoradores das árvores, especialmente do carvalho. Eles acreditavam na imortalidade da alma, a qual diziam se introduzia em outro indivíduo ao abandonar o corpo; mas em 31 de outubro voltava para seu antigo lar a pedir comida a seus moradores, que estavam obrigados a fazer provisão para ela. 

O ano celta concluía nesta data que coincide com o outono, cuja característica principal é a queda das folhas. Para eles significava o fim da morte ou iniciação de uma nova vida. Este ensino se propagou através dos anos junto com a adoração a seu deus o "senhor da morte", ou "Samagin", a quem neste mesmo dia invocavam para lhe consultar sobre o futuro, saúde, prosperidade, morte, entre outros. 

Quando os povos celtas se cristianizaram, não todos renunciaram aos costumes pagãos. Quer dizer, a conversão não foi completa. A coincidência cronológica da festa pagã com a festa cristã de Todos os Santos e a dos defuntos, que é o dia seguinte, fizeram com que se mesclasse. Em vez de recordar os bons exemplos dos santos e orar pelos antepassados, enchia-se de medo diante das antigas superstições sobre a morte e os defuntos. 

Alguns imigrantes irlandeses introduziram Halloween nos Estados Unidos aonde chegou a ser parte do folclore popular. Acrescentaram-lhe diversos elementos pagãos tirados dos diferentes grupos de imigrantes até chegar a incluir a crença em bruxas, fantasmas, duendes, drácula e monstros de toda espécie. Daí propagou-se por todo mundo. 

Em 31 de outubro de noite, nos países de cultura anglo-saxã ou de herança celta, celebra-se a véspera da festa de Todos os Santos, com toda uma cenografia que antes recordava aos mortos, logo com a chegada do Cristianismo às almas do Purgatório, e que agora se converteram em uma salada mental em que não faltam crenças em bruxas, fantasmas e coisas similares. 

Em troca, nos países de cultura mediterrânea, a lembrança dos defuntos e a atenção à morte se centram em 2 de novembro, o dia seguinte à celebração da ressurreição e a alegria do paraíso que espera à comunidade cristã, uma família de "Santos" como a entendia São Pablo. 

Diversas tradições se unem, mesclam-se e se influem mutuamente neste começo de novembro nas culturas dos países ocidentais. Na Ásia e África, o culto aos antepassados e aos mortos tem fortes raízes, mas não está tão ligado a uma data concreta como em nossa cultura. 

Abóbora, guloseimas, disfarces... 

A abóbora foi acrescentada depois e tem sua origem nos países escandinavos e em seguida retornou a Europa e ao resto da América graças à colonização cultural de seus meios de comunicação e os séries e filmes importados. 

Nos últimos anos, começa a fazer furor entre os adolescentes mediterrâneos e latino-americanos que esquecem suas próprias e ricas tradições para adotar a oca abóbora iluminada. No Hallowe'em (do All hallow's eve), literalmente a Véspera de Todos os Santos, a lenda anglo-saxã diz que é fácil ver bruxas e fantasmas. Os meninos se disfarçam e vão -com uma vela introduzida em uma abóbora esvaziada em que se fazem incisões para formar uma caveira- de casa em casa. Quando se abre à porta gritam: "trick or treat" (doces ou travessuras) para indicar que gastarão uma brincadeira a quem não os de uma espécie de propina em guloseimas ou dinheiro. 

Uma antiga lenda irlandesa narra que a abóbora iluminada seria a cara de um tal Jack Ou'Lantern que, na noite de Todos os Santos, convidou o diabo a beber em sua casa, fingindo um bom cristão. Como era um homem dissoluto, acabou no inferno. 

Com a chegada do cristianismo, enquanto nos países anglo-saxões tomava forma a procissão dos meninos disfarçados pedindo de porta em porta com a luminária em forma de caveira, nos mediterrâneos se estendiam outros costumes ligados a 1º e 2 de novembro. Em muitos povos espanhóis existe uma tradição de ir de porta em porta tocando, cantando e pedindo dinheiro para as "almas do Purgatório". Hoje em dia, embora menos que antigamente, seguem-se visitando os cemitérios, arrumam-se os túmulos com flores, recorda-se os familiares defuntos e se reza por eles; nas casas se falava da família, de todos os vivos e dos que tinham passado a outra vida e se consumiam doces especiais, que perduram para a ocasião, como na Espanha os pastéis redondos de vento ou os ossos de santo. 

Enquanto isso, do outro lado do oceano e ao sul dos Estados Unidos, a tradição católica levada por espanhóis e portugueses se mesclava de acordo com cada país americano, mescla dos ritos locais pré-coloniais e com folclore do lugar. 

Certamente na Galicia se unem duas tradições: a celta e a católica, por isso é esta a região da Espanha em que mais perdura a tradição da lembrança dos mortos, das almas do Purgatório, muito unidas ao folclore local, e as lendas sobre aparições e fantasmas. Em toda a Espanha perdura um costume sacrossanto que se introduziu nos hábitos culturais: a de representar nesta data alguma peça de teatro ligada ao mito de Dom Juan Tenorio. Foi precisamente este personagem, "o gozador de Sevilha ou o convidado de pedra", criado pelo frade mercedário e dramaturgo espanhol Tirso de Molina, que se atreveu a ir ao cemitério, nesta noite, para conjurar as almas de quem havia sido vítimas de sua espada ou de sua possessividade egoísta. 
Em todas estas representações ritos e lembranças resiste um desejo inconsciente, pagão, de exorcizar o medo à morte, subtraindo a sua angústia. O mito antigo do retorno dos mortos converteu-se hoje em fantasmas ou dráculas com efeitos especiais nos filmes de terror. 

Fonte:www.acidigital.com

Namoro. Eu... Você... De repente, nós


Se existe algo que mexe como coração de um jovem que começa a descobrir a sua afetividade e a sua sexualidade, é o desejo de namorar. Cantada em verso e prosa, esta fase da vida faz parte do desenvolvimento humano e do plano de Deus para nos fazer crescer e amadurecer no relacionamento, sendo também um caminho (embora não o único, nem o maior) de exercitar a capacidade de amar.

Entretanto, para um jovem cristão, muitas interrogações se levantam: Por que namorar? Quando namorar? Como ter um namoro cristão?

Porque namorar?

Em primeiro lugar, é importante saber que o desejo de relacionar-se com o sexo oposto é algo natural e implica na forma como Deus nos criou.

A partir de um certo momento do desenvolvimento humano, sente-se a necessidade e a sadia curiosidade de relacionar-se com o sexo oposto, de descobrir parte da riqueza, da diversidade da obra criativa de Deus, uma outra pessoa que não é igual a mim, mas que em muitos pontos chega a me complementar. Neste ponto, o relacionamento com pessoas do outro sexo é enriquecedor e fonte de formação e edificação do meu crescimento como pessoa.

Entretanto, o que é belo e edificante pode-se transformar em situações que nem sempre nos edificarão ou contribuirão para o nosso crescimento. Devemos levar em conta que estamos vivendo em meio a uma sociedade hedonista, marcada pela sensualidade. A partir dos meios de comunicação, as próprias crianças, adolescentes e jovens vão sendo manipulados nos seus afetos e instintos para que, de maneira precoce e deformada, vejam na pessoa do outro sexo um objeto de prazer genitalista ou um meio de satisfação de suas carências afetivas.

Isto é fruto do pecado que marcou as faculdades do nosso ser e também das feridas de família, onde a fé e o desenvolvimento dos valores cristãos foram abandonados e a unidade e indissolubilidade do matrimônio e da família, na vivência do amor, são negligenciadas ou até atingidas de maneira irremediável, produzindo no meio de nós gerações marcadas pela dor, insegurança, desvios afetivos, psicológicos e sociais.

Por estes e muitos outros fatores, quando o (a) adolescente vai atingindo sua puberdade (e muitas vezes ainda como criança), a sociedade e, em muitos casos, a própria família, começam a exigir que este (a) jovem "arranje" seu namorado (a) para provar sua masculinidade ou feminilidade.

É preciso que entendamos que o processo natural e salutar de conhecimento do sexo oposto como pessoa não implica necessariamente em um relacionamento de namoro, quando, pelo contrário, a amizade é o passo fundamental e sadio aonde, pelo diálogo e a convivência, vamos podendo construir mutuamente a nossa personalidade de maneira sadia e equilibrada. Muitos jovens cristãos, como muitos que encontramos, se perguntam: Qual é a hora de iniciarmos o namoro?

Em primeiro lugar, é necessário que alguns tabus possam ser quebrados. Isto não significa que todas as pessoas tenham que namorar. Precisamos nos lembrar neste momento das Palavras de Jesus que dizem: "Há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem tiver capa¬cidade para compreender que compreenda." (Mt 19,2)

Devemos nos lembrar que há muitos são chamados para a virgindade como uma oblação espiritual e um serviço à Igreja e aos homens, e nisto encontram sua plena realização. Alguns, muito cedo podem descobrir este chamado no seu interior e, apesar de como pessoa experimentarem a complementariedade do sexo oposto na convivência comum e fraterna, não viverão esta complementariedade no plano da afetividade-genitalidade, próprio dos que são chama¬dos ao Sacramento do Matrimônio.

Alguns passam por relacionamentos de namoro antes de descobrir este sublime chamado, outros não precisam passar por esta etapa, pois a vocação já se faz manifesta no seu interior de maneira definida.

Para isso é necessário que o jovem cristão tenha sempre no seu interior este questionamento: - Qual é a vocação que Deus me chama a viver? – e uma reta e séria motivação de respondê-la. Sabemos que isso, para muitos, se constitui em um longo processo, onde graças a Deus vai iluminado, tirando a cegueira e apontando onde encontrar e aderir à sua vontade, pois aí está a felicidade.

Entrando no processo de namoro propriamente dito, falando para os jovens que acompanhamos, procuramos orientá-lo em algumas etapas para este discernimento:

A amizade

A amizade entre sexos opostos é benéfica e edificante. A amizade se constitui em uma identificação que, se baseada em Cristo Jesus e nos valores do Evangelho, caracterizando-se pela doação de si e respeito mútuo, muito contribuirá para o nosso amadurecimento e crescimento. Atenção, nem toda amizade precisa desembocar em um namoro. Pelo contrário, é perigoso confundir as coisas.

Às vezes a pessoa atrai fisicamente e afetivamente, mas isto não significa que seja da vontade de Deus e edificante para os dois um relacionamento mais profundo pelo namoro. Podemos acabar uma bela amizade se precipitarmos as coisas. É compreensível também que em um relacionamento entre um rapaz e uma moça que são atraentes, possam aparecer desejos e aspirações mais superficiais que, de uma maneira geral, pode jogar esses jovens em um relacionamento sem maiores bases. Ora, o aparecimento destes sentimentos só atestam a normalidade da afetividade e sexualidade de ambos e não deve ser ele, principalmente nos primeiros momentos, o ponto de discernimento de um compromisso de namoro.

Para evitar namoros precipitados (baseados só na atração física, carências ou sentimentos efêmeros), que fazem alguns mudarem de namoro como se troca de roupa e que, em vez de gerar crescimento, pode gerar tantas feridas, dores e marcas na pessoa e nos futuros relacionamentos, é preciso que se tenhamos um relacionamento de amizade. O momento é de aprofundar o conhecimento do outro e procurar ir à luz da oração e da convivência buscando alguns pontos de discernimentos.

Pontos de discernimento no plano psicológico:

Enquadramos aqui alguns pontos na maturidade humana e na identificação dos projetos e planos de vida, inclinações, aspirações, gostos, formação e educação que cada um teve e que não podem ser ignoradas, sob o risco de serem fonte de profundos desgastes e verdadeiros furos que farão naufragar o relacionamento. Não se trata de que o outro seja igual a mim, mas que se nestes pontos podemos nos completar, aceitar e nos construir mutuamente, e se há maturidade em ambos para isto.

Pontos de discernimento no plano espiritual:

Se queremos nos relacionar em Deus e com Deus, este plano não pode ser esquecido. É necessário, na convivência, perceber as aspirações espirituais e se o outro está disposto a colocar Deus como o centro de um relacionamento, para que o relacionamento não seja nada de egoísta, para a "minha", ou "nossa" satisfação, mas para que ele, apoiado na Graça de Deus, seja voltado para Jesus, seguindo os Seus ensinamentos de renúncia, pureza e abertura. Conhecer a espiritualidade do outro, suas aspirações de conduta moral e de compromisso com a Igreja é fundamental para evitar conflitos futuros, ou namoros onde Deus e sua Palavra estejam ausentes.

Pontos para discernimento no plano afetivo:

A afeição em um relacionamento afetivo é o primeiro passo, mas com certeza não se constitui em sinal de presença real de uma semente de amor. Se o que me faz afeiçoar-me ao outro é só sua aparência física, isto tem sua importância, mas não é tudo.

As aparências passam e o coração, mentalidade e forma de ser permanecem. É preciso descobrir se o sentimento que me move tem a maturidade de ENXERGAR e ACEITAR os limites, defeitos e fragilidades do outro. Pondo na balança o que pesa mais, é o que nos une ou o que nos divide? Neste momento, um certo realismo é salutar, para que a paixão não cegue, e evitemos dar um passo que depois vai nos ferir e ferir ao outro.

Também convém ter a sensibilidade para perceber se eu ou o outro estamos buscando um relacionamento para "minha" satisfação, fechado sobre nós mesmos e a nossa "fantasia romântica" ou se o relacionamento, mesmo com o tempero de romance, é voltado para Deus, para o outro e para as outras pessoas, numa perspectiva de abertura.

Permeando todas estas considerações e orientações, devemos encontrar a oração. É através dela, que a graça de Deus vai purificar as nossas motivações, iluminar a nossa cegueira, fazer-nos entender o que só humanamente não nos é possível, e perceber os reais sinais do Espírito que nos move ou nos detém para um relacionamento que, se quer ser cristão, deve buscar, em todos os sentidos, a maior glória de Deus.

A ajuda de uma pessoa mais amadurecida e vivida no campo espiritual e humano se constitui em ajuda indispensável para chegarmos a um discernimento claro e uma decisão conjunta e madura em nos comprometer em um relacionamento de namoro.

O namoro

Uma vez sedimentado no nosso interior o processo de discernimento (que exige tempo, pois não se resume a dias ou poucas semanas, mas a alguns meses de convivência e oração) e chegando a um discernimento positivo em relação ao namoro, alguns pontos não podem ser esquecidos:

A amizade

O namoro é, antes de tudo, uma amizade que se aprofunda e sedimenta uma caminhada a dois. É essencial que o tempo que os namorados passam juntos seja animado pelo diálogo e a abertura do seu ser que se deixa conhecer e revelar. Muitos namorados não sabem conversar e fogem em carícias, desagradáveis a Deus e destruidoras do relacionamento. O esforço do diálogo, conversar assuntos que unem e saber também conversar as divergências; revelar-se para o outro através da arte do diálogo é fonte de relacionamentos saudáveis e maduros.

A oração

A presença de Jesus dentro de um namoro cristão não pode ser decorativa ou em plano inferior. Ele tem que ser o primeiro para dar fertilidade ao relacionamento. Por isto, é necessário dar tempo e espaço para a oração, partilhar de experiências da vida espiritual, de leitura espiritual. É importante que se saiba que se tem a responsabilidade de levar o outro para Deus e para a Igreja, e não ser um obstáculo para a comunhão com Deus e o serviço na Igreja. A oração e os sacramentos serão também a fonte da graça para permanecer sob as orientações da Palavra e da Igreja, e nos capacitará a crescer na escola do verdadeiro amor, que é aquele que ama apesar dos defeitos e limites do outro.

A abertura

Os namorados cristãos não podem estar somente voltados para si mesmos, como se só o outro existisse, ou que este relacionamento, se não for o único, torne os outros opacos e insignificantes.

Os namorados cristãos sabem fugir do risco da dependência, que sempre é sinal de carência e não de verdadeiro amor, e se aplicam na abertura, amizade e dedicação aos outros (amigos, família), que também são fontes de complemento para a nossa vida, e esta abertura toma-se fonte de enriquecimento do próprio namoro.

Os carinhos

Especial cuidado devemos ter neste campo, pois, muitas vezes, mesmo em namoros cristãos, constatamos cenas de carícias que levam a estados de profunda excitação emocional e orgânica que, seguindo o modelo do mundo considera-se normal, quando na verdade estes atos são apropriados para a preparação do ato conjugal dentro do matrimônio.

O não se deter no físico, e o traçar limites bem definidos e claros para os dois, buscando a pureza e evitando o puritanismo, é ponto básico e que muito necessita da graça para não se deixar levar pelas "facilidades" mútuas, que o sensualismo deste mundo e a concupiscência da carne plantaram em nós.

Nós precisamos construir um Mundo Novo, baseado na Boa Nova de Jesus e da Sua Igreja. Entretanto, não haverá Mundo Novo se não houver Famílias Novas. Não haverá Famílias Novas se não houver Namoros Novos, baseados na graça e no poder do Espírito.

Se meditarmos nestas orientações, sentiremos que são superiores à nossa capacidade. Lembre-se de que “o Verbo se fez carne”, por isto a graça penetrou em todas as realidades da vida humana, e Pentecostes é a certeza de que o Espírito nos capacita a dar nosso sim integral a Deus.


por 
Comunidade Shalom