31 de julho de 2012

Fundador da Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas)




Inácio, filho de nobre família  da  província de Guipuzcoa, na Espanha, nasceu em  1491 (ou 1496) no vale do Orola, pouco distante de Azpeitia, no Castelo Loyola o qual, em sua forma característica e, em estado de completa conservação,  constitui a parte interior do atual convento.  De porte elegante, adestrado em todos os exercícios  eqüestres, era Inácio em sua mocidade, o tipo acabado do cavaleiro fidalgo espanhol, valente, espirituoso, dado ao jogo, à poesia,  às aventuras de  armas e de amor. 
                                           Jovem militar, estava em serviço de Juan Velásquez, tesoureiro-mor da corte real da Espanha;  tomou parte na campanha contra Francisco I, da França, o qual cuidando dos interesses dos  herdeiros de João d’Albret de Navarra, de mão armada invadira território espanhol.  No combate de defesa da cidade de Pamplona contra os franceses, em 20 de maio de1521,  uma  bala de canhão atingiu-lhe a tíbia da perna direita. No longo tratamento, a que teve de se sujeitar, levado pela  leitura da Paixão de Cristo e  da vida dos  santos, começou a fazer sérias comparações entre a vida  dedicada  ao mundo e o serviço de Deus e  movido pela graça, chegou a  tomar a firme resolução de  trocar a carreira  militar por uma vida toda de Deus.  No santuário de  Nossa  Senhora de Montserrat deu o passo decisivo,  disse adeus ao mundo,  pendurou sua espada no altar e  desapareceu para a sociedade. Desde  então,  foi levar uma vida austera de eremita e mendigo,  com todas as  práticas da mais severa penitência, e isto não tanto na intenção de  reparar as suas faltas, mas,  e  principalmente, no nobre intuito de a exemplo dos santos,  para a Deus, seu supremo Senhor, dar prova da sua irrestrita vassalagem e dedicação e nela  constantemente se exercitar.  Na solidão de  Manresa, em meio das privações, ânsias, angústias, consolações e arrebatamentos da vida eremita mostra que já era espiritual, em 1522 traçou as  linhas gerais do seu célebre livro de exercícios, reflexo direto das suas experiências na vida interior, protótipo da sua fundação monástica, livro que em seguida se tornou verdadeiro código da ascese cristã em todo o mundo.
                                           No ano de 1523 o amor ao divino Salvador, cujos mistérios principalmente o ocuparam em Manresa, bem como o desejo de sumir do mundo e se exercitar na confiança em Deus fê-lo resolver-se a uma peregrinação a Jerusalém . De volta para a Espanha, contando já trinta anos de idade, com admirável firmeza, imperturbável constância, sofrendo grandes privações e perseguições, entregou-se ao estudo das línguas clássicas, da filosofia e teologia em Saragoça, Alcalá, Salamanca e Paris. Foi em Paris, onde se lhe associaram os primeiros seis companheiros, que sob sua direção fizeram os exercícios espirituais, e com ele lançaram o fundamento da Companhia de Jesus, em 15 de agosto de 1534. Por um santo voto se obrigaram a uma peregrinação aos Santos Lugares da Palestina. Motivos imperiosos tornaram impraticável a romaria e assim, em 1538 todos se reuniram em Roma, onde foi elaborado o primeiro plano das Constituições. Em 1540, aos 27 de setembro, a Regra teve sua primeira aprovação pelo Papa Paulo II, e Inácio, foi eleito general da Companhia de Jesus (1541). Estabelecida que se achava a Ordem, a vida de Inácio entrou em uma nova fase. Superior geral de uma nova família de religiosos, sua tarefa era velar pela fiel observância da regra, e trabalhar pelo aperfeiçoamento das constituições. Enquanto seus religiosos, animados do seu espírito, trabalharam pela expansão do reino de Deus na Itália, na França, na Espanha, na Alemanha, na Polônia, na Índia e na África, ele deixou-se ficar em Roma, dando forma mais perfeita à regra, e dedicando-se à formação espiritual dos jovens candidatos e futuros superiores. Ao mesmo tempo se manteve sempre em contato com as fundações, dirigiu-se pela sua vigilância, pela correspondência e oração, conservando em tudo e sempre bem vivo o interesse pela prosperidade da Igreja Universal. Em Roma fundou estabelecimentos pela conversão dos judeus, orfanatos, casas de refúgio para donzelas desamparadas, e o Colégio germânico. Muito de perto acompanhou um empreendimento dos príncipes cristãos contra os turcos, e muito trabalhou pelo sucesso do Concílio de Trento.
                                           Sua obra principal foi à fundação da Companhia de Jesus. Esta Ordem, no conceito de Inácio devia realizar a mais estreita união à pessoa de Cristo, à sua missão e ao seu modo de vida para assim reproduzir a imagem perfeita do Salvador e do seu espírito. O supremo ideal do Homem-Deus era sempre a glória de Deus na felicidade e na salvação da humanidade pela fundação de um grande reino de Deus, no qual todos os homens, a ele ligados, pudessem achar sua salvação. Este reino é a Igreja. Ela é a obra de Cristo, na sua Igreja ele depositou sua doutrina, os meios de salvação e seu poder administrativo. A Igreja foi fundada para os homens e sobre os homens. Implantar a doutrina de Cristo nos corações, estabelecer o seu reinado nas almas pela imitação perfeita do divino salvador, eis o ideal que Inácio se propôs: eis a finalidade e a missão que Inácio deu à sua Ordem. Os meios para obter tão elevado fim haviam de ser os mesmos que Cristo empregou quanto à sua própria pessoa, como sejam a pobreza, o desprendimento, trabalho e sofrimento e os outros, aplicáveis ao próximo: a pregação, a recepção dos sacramentos, o ensino; em uma palavra todos os recursos de que o sacerdócio católico dispõe para engrandecer o reino de Cristo nas almas dos fiéis. Como se vê, larguíssima é a base sobre a qual descansa a estrutura da Ordem de Inácio. É uma Ordem apostólica, que outra finalidade não conhece senão trabalhar pelo reino de Deus, sempre em íntima união ao Supremo Chefe da Igreja, a cujas ordens vota irrestrita obediência. É uma Ordem de Clérigos Regulares, cuja missão consiste principalmente no desempenho do ministério sacerdotal. As constituições  concedem-lhes um raio mais amplo de atividade, mais desembaraço de ação. Nas constituições não figura a recitação em comum do ofício divino; os religiosos da Companhia não são presos a uma cura d’almas local ou a quaisquer ocupações secundárias cerceantes. À sua Ordem Sant’Inácio deu o nome venerabilíssimo  de Jesus.
                                           Entre os trabalhos silenciosos e múltiplos, na orientação da Companhia veio visitá-lo a morte. Informado do seu próximo passamento, nada disse. Só pediu a bênção apostólica e morreu quase sem testemunhas, tendo sobre os lábios o nome de Jesus. Sua morte ocorreu em 31 de julho de 1556. Canonizado foi pelo Papa Gregório XV aos 12 de março de 1622.
                                           Porém, das virtudes que caracterizam a santidade de Inácio, se destacam estas três: a prudência, a humildade e a firmeza na execução dos planos uma vez concebidos.
                                           De tudo que de Inácio se sabe, dos seus escritos, no seu modo de agir, ressalta em primeiro lugar seu tino prático no governo das coisas, seu talento extraordinário de organização, a superioridade de espírito e seu poder sugestivo. A primeira comunidade por ele formada compunha-se de talentos de escol e de caracteres firmes e decididos. Todos se sujeitavam, à soberania espiritual do seu mestre, não porque este fosse um fantasista de atração irresistível; - Inácio não era nada menos que um visionário fanático – mas por reconhecerem a sua superioridade intelectual, sua prudência e vasta experiência em cousas espirituais. Viam nele, e como tal o veneravam, o Santo, o homem de Deus favorecido por luzes sobrenaturais, o homem que se governava pelo princípio: não querer acomodar os homens e as cousas a si, mas se acomodar a eles.
                                           As suas aspirações não se estendiam a coisas inacessíveis. Preferia sempre o seguro ao incerto, o interesse comum ao bem particular. O testemunho mais brilhante da sua prudência sobrenatural como da sua superioridade espiritual são as constituições da sua Ordem, obra sua exclusiva e autenticamente pessoal. Elas perfeitamente se adaptaram a todas necessidades da Igreja, do tempo e do mundo; dão largas à magnanimidade humana influenciada pela graça sem prejudicar o bem-estar individual; tomam em conta todas as dificuldades e perigos, e os meios do progresso espiritual acham-se admiravelmente organizados. São uma verdadeira obra prima de prudência legisladora e clarividência de espírito; a expressão de uma lógica natural e inflexível, em perfeita coordenação ao fim colimado. O Papa Paulo III, dando-lhe a primeira aprovação, chamou a regra inaciana obra do “dedo de Deus”, isto é, do Espírito Santo.
                                           Sem humildade são quiméricas a verdadeira grandeza espiritual e santidade. A humildade, é, pois, outro traço característico no perfil de Santo Inácio. Que era obra de Deus a fundação da Companhia, de cuja organização ele servira de instrumento, era sua convicção íntima. Se é que isto enchia de alegria, se os progressos da sua Ordem lhe proporcionavam grande contentamento, nem por isso tolerava que deste se fizesse alarde, e não permitia que se fizesse comparações de outras Ordens com a Companhia, diminuindo o valor daquelas. Sua é a afirmação de que havia muitos anos não ter experimentado tentação contra a humildade. De favores extraordinários celestiais que teve, nenhum conhecimento deu aos seus Religiosos; todas as anotações relativas a essas graças, ele as fez desaparecer, fora alguns papéizinhos que lhe escaparam. Com relutância aceitou o cargo de Superior Geral, e por diversas vezes pediu, dele fosse desobrigado.
                                           A terceira virtude que em Santo Inácio observamos e admiramos é a sua firmeza na execução dos planos uma vez concebidos e traçados. Como verdadeiro arauto da glória de Deus, não conhecia dificuldade e empecilhos; quando se tratava dos interesses do seu Supremo Senhor, da Igreja ou do bem das almas. Obstáculos, decepções, perigos e perseguições como era natural, que não lhe faltassem, eram por Inácio considerados meios para alcançar seus fins. Em causas de suma importância não se desdenhava de esperar quatorze horas na ante-sala de um Grande. Pouco antes da sua morte escapou-lhe a confissão de não poder se lembrar de nos últimos trinta anos ter perdido ocasião, de fazer alguma cousa no serviço de Deus. Inseparavelmente unida a esta sua firmeza e energia se achava uma confiança inabalável na Divina Providência.
                                           Certamente a atividade e o modo de exercer o seu apostolado nada de agradável continha para os inimigos de Deus e de sua Igreja. É bem explicável, pois, a malquerença, a antipatia que em determinados círculos se formou contra Inácio e a Companhia por ele, fundada. Em o Santo fundador dos Jesuítas não há nada de fanático, de sorumbático; pelo contrário: Inácio era de uma amabilidade cativante e de uma serenidade encantadora. Era bondoso, atencioso, meigo e paternal no tratamento dos seus companheiros, carinhoso e compassivo para com os doentes e padecentes; de uma delicadeza extraordinária para os que se lhe abriam em suas tentações, lutas e dificuldades; de uma paciência e generosidade admiráveis para com os seus perseguidores, e de uma gratidão edificante e comovedora aos benfeitores.
                                           Fonte e coroa destas virtudes foram seu imenso respeito e amor a Deus e à pessoa do divino Salvador. “Divina Majestade” é a intitulação predileta que dá a Deus. Inácio era conhecido como padre, que quando falava de Deus, sempre elevava o olhar ao céu. A audição de um canto, a invocação do nome de Jesus, o aspecto de uma flor, a contemplação do céu estrelado comoviam-no até às lágrimas e transportavam-no em êxtase. Tão freqüentes e tão abundantes lhe eram torrentes de lágrimas, que chegaram a comprometer a vista, circunstância que motivou a dispensa que obteve da recitação do breviário. Centenas de vezes se encontra nas suas prescrições de superior e jaculatória: “Tudo pela maior glória de Deus”.
                                           Era esta a grande mas também a única idéia de Santo Inácio, que ele queria ver viva em todos os seus Religiosos. O que deles exige, não são orações em demasia, nem mortificações exteriores exageradas, mas tanto mais trabalho, trabalho onímodo, incessante, trabalho até o esgotamento, até à morte. Trabalhar em todas as zonas, em todos os setores da vida sacerdotal, pela maior honra de Deus e pela salvação das almas é o espírito distintivo e a força motriz da sua Ordem. A obediência é subordinada a este espírito, e como segura reguladora se efetua na vida ativa da Companhia.
                                           “Ide, incendiai o mundo no amor de Deus e das almas”, era a palavra, que dirigia aos missionários na sua despedida.
                                           Estes poucos traços da vida do fundador da Companhia de Jesus dão-nos uma idéia do seu caráter, da mentalidade e Santidade do grande homem o qual, dono de tão eminentes virtudes, se impõe à nossa admiração com o direito, que como Santo lhe assiste, a nossa irrestrita e sincera veneração.
                                           Incalculáveis são os serviços que Santo Inácio e sua fundação à Igreja Católica tem prestado numa época, em que a sociedade do século 16, em detrimento da Religião, do Estado e da humanidade entendeu de romper com a ideologia católica e, deixando-se levar pelos ditames de irrefreado egoísmo e de um prurido incontido de liberdade em todos os ramos da vida humana, da religião, da política, da ciência, rumava para funestos fins. Penosamente, apoiada por poucos elementos dedicados e bons, a Igreja ressalvava os valores verdadeiros e intangíveis da humanidade. Um destes elementos era Santo Inácio. Ele e sua Ordem valiosamente concorreram pela salvação desses grandes valores da humanidade, da religião, da moralidade, das ciências e artes.
                                           Santo Inácio honrou a nossa santa religião. Nesta religião se formou, se santificou. À Santa Igreja deu uma Ordem, verdadeira milícia de Cristo, exército de propaganda da santa fé. Com esta sua Ordem veio a ser para Cristo e sua Igreja o conquistador de vastos domínios em todos os continentes do orbe, ficando assim compensada de alguma triste apostasia dos países nórdicos europeus.
                                           Santo Inácio tornou-se assim grande benfeitor da humanidade. Muitas nações devem a ele e aos religiosos da Companhia de Jesus sua integridade religiosa no meio dos estragos da revolução protestante, ou então, como o Brasil, a sua formação desde o princípio, genuinamente católica.
                                           A Companhia de Jesus é uma das Ordens mais numerosas da Igreja Católica,  com diversos de seus membros beatificados,  outros  tantos bem-aventurados e, entre estes e aqueles,  134 mártires.

Santo dos estudantes - Tomás de Aquino


Tomás nasceu em Aquino por volta de 1225, de acordo com alguns autores no castelo do pai Conde Landulf de Aquino, localizado em Roccasecca, no mesmo Condado de Aquino (Reino da Sicília, no atual Lácio). Por parte de sua mãe, a condessa Teodora de Theate, Tomás era ligado à dinastia Hohenstaufen do Sacro Império Romano-Germânico.[1] O irmão de Landulf, Sinibald, era abade da original abadia beneditina em Monte Cassino. Enquanto os demais filhos da família seguiram uma carreira militar,[2] a família pretendida que Tomás seguisse seu tio na abadia.[3] Esse era o caminho normal para a carreira do filho mais novo de uma família da nobreza sulista italiana.[1]
Aos cinco anos, Tomás começou sua instrução inicial em Monte Cassino, mas depois do conflito militar que ocorreu entre o imperador Frederico II e o papa Gregório IX na abadia, no início de 1239, Landulf e Teodora matricularam Tomás na studium generale(universidade), que havia sido criada recentemente por Frederico II em Nápoles.[4] Foi lá que Tomás provavelmente foi introduzido nas obras de Aristóteles, Averróis e Maimônides, todos que influenciariam sua filosofia teológica.[5] Foi igualmente durante seus estudos em Nápoles que Tomás sofreu a influência de João de São Juliano, um pregador dominicano em Nápoles que fazia parte do esforço ativo intentado pela ordem dominicana para recrutar seguidores devotos.[6] Nesta época seu professor dearitmética, geometria, astronomia e música era Pedro de Ibérnia.[7] Aos 19 anos, contra a vontade da família, entrou na ordem fundada por Domingos de Gusmão. Estudou filosofia em Nápoles e depois em Paris, onde se dedicou ao ensino e ao estudo de questões filosóficas e teológicas. Estudou teologia em Colônia e, em Paris, tornou-se discípulo de Santo Alberto Magno, que o "descobriu" e se impressionou com a sua inteligência. Por esse tempo foi apelidado de "boi mudo". Dele disse Santo Alberto Magno: "Quando este boi mugir, o mundo inteiro ouvirá o seu mugido."
Foi mestre na Universidade de Paris, no reinado de Luís IX.
Morreu aos 49 anos, na Abadia de Fossanova, quando se dirigia para Lião a fim de participar do Concílio, a pedido do Papa.

Maria, humana como nós



Ela foi a pessoa que melhor realizou a vontade de Deus
O gênero humano possui duas naturezas: a corporal e a espiritual. (CIC, 2337). Uma bonita característica desta realidade é que tudo aquilo que somos neste mundo têm como finalidade última revelar a nossa identidade eterna, como disse o Papa João Paulo II em uma de suas catequeses: “O corpo, de fato, e só ele, é capaz de tornar visível o que é invisível. Foi criado para transferir para a realidade visível do mundo o mistério oculto desde a eternidade em Deus, e assim ser sinal d’Ele (Teologia do Corpo, nº 19, de 20/02/1980).

Até a essência humana do "Homem-Deus" teve esse propósito: “a pessoa humana do Cristo pertence 'in proprio' à pessoa divina do Filho de Deus, Sua vontade e inteligência têm como primazia a revelação do ser espiritual da Trindade (CIC, 470).

Podemos identificar uma mostra disso ao checar a vida dos santos, aqueles que já alcançaram a glória junto ao Altissímo, mas que, desde sua vida terrena, enquanto peregrinos neste mundo, demonstravam habilidades, carismas e dons que faziam parte da identidade eterna a respeito deles.

Perceba que aqueles que foram elevados aos altares, os mais conhecidos, são tidos como padroeiros e intercessores de causas específicas conforme suas experiências vividas em sua passagem aqui na terra. Dom Bosco, hoje no céu, continua intercedendo pelos jovens; São Lucas, médico (cf.Cl 4,14), é padroeiro destes profissionais da medicina; Santa Cecília, musicista, é auxiliar espiritual dos músicos, e assim por diante.

Palavra do mês

Oração e trabalho
Neste mês de julho, a Igreja celebra, no dia 11, a memória de São Bento. Ele nasceu em Núrsia, no ano 480, e faleceu em 547. Foi enviado por sua família para estudar em Roma e, diante de tanta decadência moral e espiritual da sociedade e do Império, o jovem Bento não se deixou conformar com a perversidade daqueles tempos, mas escolheu fazer a diferença nadando contra a correnteza. A vida de São Bento foi profundamente marcada pela radicalidade, profundíssima espiritualidade, prodígios extraordinários e destemida batalha espiritual.

Depois de três anos vividos em uma afastada gruta, ele desperta o interesse de vários seguidores, os quais foram orientados com uma austera regra de vida inspirada em São Pacômio e São Basílio, o que mais tarde daria a São Bento o título de pai do monaquismo.
"O nosso trabalho não pode ser desculpa para não estarmos rezando", adverte monsenhor Jonas


A Regra Beneditina forma os monges e cristãos por meio do seguimento dos ensinamentos de Jesus e da prática dos mandamentos e conselhos evangélicos, principalmente com a máxima “Ora et labora” (Oração e trabalho). São Bento aproximou a oração e o trabalho sem que um roubasse o tempo e a qualidade do outro. Para nós que vivemos atualmente nesses tempos de imensa agitação, no qual se trabalha muito e quase não sobra tempo para a oração, esse princípio da 'Oração e Trabalho' se torna um manual de sobrevivência para nós cristãos. O nosso trabalho não pode ser desculpa para não estarmos rezando, assim como nossa vida de oração não pode ser um obstáculo para a nossa vida profissional. É completamente possível que nós, trabalhando tanto, também possamos conciliar nossa vida de oração, para não rezarmos menos do que trabalhamos.

Muitos, hoje, acabam vivendo essas duas realidades de modo desigual, exagerando em uma e faltando na outra. Porém, aprendamos com São Bento que é possível conciliar oração e trabalho. Assim como uma moeda tem sempre dois lados (cara e coroa), nossa vida deve estar marcada por essas duas realidades: oração e trabalho. Falo, aqui, desde os trabalhos no lar até a vida profissional na sociedade, da oração pessoal até a sua ativa participação na sua paróquia. Assim como não existe moeda que só tenha um lado, não podemos ser cristãos que ou só rezam ou só trabalham. Podemos, dentro de nossas realidades, desde as mais simples até as mais exigentes, conciliar as duas atividades.

Assim, juntos, peçamos a intercessão deste santo para que nos eduque nessa realidade de Oração e Trabalho. Juntos, temos muito que rezar e trabalhar pela Evangelização. Agradeço a sua fidelidade e o incentivo a perseverar! A toda Família Canção Nova, deixo aqui, como dica de oração, para você, neste mês, a poderosa oração da medalha de São Bento:

A cruz sagrada seja a minha luz
Não seja o dragão o meu guia
Retira-te satanás,
nunca me aconselhes coisas vãs
É mal o que tu ofereces
Bebe tu mesmo os teus venenos.


Deus o abençoe!


Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

As vítimas da incredulidade



Muitas pessoas se esfriaram na fé, principalmente porque enfrentaram falsas religiões ou buscaram métodos de cura e libertação em filosofias, crenças e práticas não cristãs. Esses métodos levam as pessoas a se voltarem para si mesmas, o que acaba atingindo a sua fé.

As pessoas tornam-se vítimas da incredulidade. Tudo se reduz ao nível simplesmente humano, e, sem perceber, a fé se anula. Surgem as justificativas para a pouca oração, para não participar da Eucaristia. A morte da fé vai acontecendo de maneira muito “nobre e diplomática”.

A cura para todos esses males está na Eucaristia. Os nossos olhos também se abrirão e reconheceremos Jesus, “ao partir do pão”. Não precisará que Ele esteja visível diante de nós. Ele permanecerá oculto na Eucaristia, e a venda dos nossos olhos cairá.

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib

30 de julho de 2012

Vale a pena se casar?


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É melhor casar ou viver junto?
É verdade que as leis e os costumes sociais retiraram do matrimônio todo o seu sentido. Em primeiro lugar, a admissão do divórcio elimina a segurança na luta por manter o vínculo; em segundo lugar, a aceitação social de “devaneios” extramatrimoniais suprime a exigência da fidelidade; por último, a difusão dos anticoncepcionais despoja os filhos de relevância e valor.
 
O que resta, então, da grandeza da união conjugal? O que é feito da arriscada aventura que o matrimônio sempre foi? Para que passar pela Igreja ou pelo juiz de paz? Assim vistas as coisas, teríamos de começar por dar razão àqueles que sustentam a absoluta primazia do “amor” para depois lhes fazer ver uma coisa de capital importância: é impossível homem e mulher amarem-se, profundamente, sem estarem casados.

Ainda que possa causar um certo espanto, o que acabo de dizer não é nada estranho. Em todos os âmbitos da vida humana, é preciso aprender e adquirir competências. Por que teria de ser diferente no amor, que é simultaneamente a mais gratificante, a mais decisiva e a mais difícil das nossas atividades?

Jacinto Benavente afirmava que “o amor tem de ir à escola”, e é verdade. Para poder amar verdadeiramente é preciso exercitar-se, tal como é preciso temperar os músculos para ser um bom atleta. 

Ora bem, o casamento nos capacita para amar de uma maneira real e efetiva. A nossa cultura não acaba de entender o matrimônio, mas o contempla como uma simples cerimônia, um contrato, um compromisso. Tudo isso é, sem chegar a ser falso, demasiado pobre. Na sua essência mais íntima, o ato de casar-se constitui uma expressão delicada deliberdade e de amor. O 'sim' é um ato profundíssimo, inigualável, mediante o qual duas pessoas se entregam plenamente e decidem amar-se mutuamente por toda a vida.


É amor de amores: amor sublime que me permite “amar bem”, como diziam os nossos clássicos: fortalece a minha vontade e habilita-a para amar em outro nível; situa o amor recíproco numa esfera mais elevada. Por isso, se não me casar, se excluir esse ato de amor total, ficarei impossibilitado de amar de verdade o meu cônjuge, tal como alguém que não treina ou não aprende uma língua se torna incapaz de falá-la. 


À sua jovem esposa, que lhe tinha escrito: “Esquecer-te-ás de mim, que sou uma provinciana, entre as tuas princesas e embaixadoras?”, Bismark respondeu: “Esqueceste que me casei contigo para te amar?”. Estas palavras encerram uma intuição profunda: o “para te amar” não indica uma simples decisão para o futuro, inclusive inamovível, mas equivale, afinal de contas, a um “para te poder amar” com um amor autêntico, supremo, definitivo... impossível sem a mútua entrega do matrimônio.

Não se trata de teorias. O que acabo de expor tem claras manifestações no âmbito psicológico. O ser humano só é feliz quando se empenha em qualquer coisa de grande que, efetivamente, compense o esforço. O mais impressionante que um homem e uma mulher podem fazer é amar. Vale a pena dedicar toda a vida a amar cada vez melhor e mais intensamente. É, na realidade, a única coisa que merece a nossa dedicação: tudo mais, tudo mesmo, deveria ser apenas um meio para o conseguir. “No entardecer da nossa existência – dizia um clássico castelhano – seremos examinados sobre o amor” (e sobre nada mais, acrescento eu).

Ora bem, quando me caso, estabeleço as condições para me dedicar sem reservas à tarefa de amar. Pelo contrário, se simplesmente vivermos juntos, e ainda que eu não tenha consciência disso, terei de dirigir todo o esforço à “defesa das posições alcançadas”, a “não perder o que foi ganho”.

Tudo, então, torna-se inseguro, a relação pode romper-se a qualquer momento. Se não tenho a certeza de que o outro se vai esforçar seriamente por amar-me e superar as fricções e conflitos do convívio cotidiano, por que terei de fazê-lo eu? Não posso “baixar a guarda”, mostrar-me de verdade como sou, pois vai que meu parceiro descubra defeitos “insuportáveis” em mim e decida acabar com tudo?

Perante as dificuldades que, forçosamente, têm de surgir, a tentação de abandonar a relação conjugal está sempre muito próxima, pois nada impede essa deserção.

Em resumo, a simples convivência sem entrega definitiva cria um clima em que a razão fundamental e entusiasmadora do matrimônio – fazer crescer e amadurecer o amor e, com ele, a felicidade – se vê muito comprometida.

Tomás Melendo Granados 

São Pedro Crisólogo



30 de Julho

O santo deste dia nasceu em Ímola, na Itália, no ano de 380 e "aproveitou" sua vida, gastando-se totalmente pelo Evangelho, a ponto de ser reconhecido pela Igreja como Doutor da Igreja (isto se deu em 1729, pelo Papa Bento XIII). São Pedro Crisólogo tinha este nome por ter se destacado principalmente pelo dom da pregação - Crisólogo significa'O homem da palavra de ouro' (este cognome lhe foi dado a partir do séc IX).

Diante da morte do bispo de Ravena, o escolhido para substituí-lo foi Pedro, que neste tempo vivia num convento, aonde queria oferecer-se como vítima no silêncio; mas os planos do Senhor fizeram dele bispo. Pastor prudente e zeloso da Igreja usou do dom da pregação como instrumento do Espírito para a conversão de pagãos, hereges e cristãos indiferentes na vivência da própria fé.

São Pedro Crisólogo, com o seu testemunho de santidade, conhecimento das ciências teológicas e dom de comunicação venceu a heresia do Monofisismo, a qual afirmava Jesus ter apenas uma só natureza, e não a misteriosa união da natureza divina e humana como o próprio nos revelou. Um homem que tinha o pecado no coração, porém, Pedro lutou com as armas da oração, jejum e mortificações para assim desfrutar e transmitir pela Palavra o tesouro da graça, isto até entrar na Glória Celeste em 450.

São Pedro Crisólogo, rogai por nós!

27 de julho de 2012

Bom Dia


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
18Ouvi a parábola do semeador:
19Todo aquele que ouve a palavra do Reino
e não a compreende,
vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração.
Este é o que foi semeado à beira do caminho.
20A semente que caiu em terreno pedregoso
é aquele que ouve a palavra
e logo a recebe com alegria;
21mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento:
quando chega o sofrimento ou a perseguição,
por causa da palavra, ele desiste logo.
22A semente que caiu no meio dos espinhos
é aquele que ouve a palavra,
mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza
sufocam a palavra, e ele não dá fruto.
23A semente que caiu em boa terra
é aquele que ouve a palavra e a compreende.
Esse produz fruto.
Um dá cem, outro sessenta e outro trinta.'

Palavra da Salvação.

Leia também:
1ª Leitura Jr 3,14-17
Salmo - Jr 31, 10. 11-12ab. 13 (R. Cf. 10d)
Reflexão - Mt 13, 18-23

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
18Ouvi a parábola do semeador:
19Todo aquele que ouve a palavra do Reino
e não a compreende,
vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração.
Este é o que foi semeado à beira do caminho.
20A semente que caiu em terreno pedregoso
é aquele que ouve a palavra
e logo a recebe com alegria;
21mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento:
quando chega o sofrimento ou a perseguição,
por causa da palavra, ele desiste logo.
22A semente que caiu no meio dos espinhos
é aquele que ouve a palavra,
mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza
sufocam a palavra, e ele não dá fruto.
23A semente que caiu em boa terra
é aquele que ouve a palavra e a compreende.
Esse produz fruto.
Um dá cem, outro sessenta e outro trinta.'

Palavra da Salvação.

Leia também:
1ª Leitura Jr 3,14-17
Salmo - Jr 31, 10. 11-12ab. 13 (R. Cf. 10d)
Reflexão - Mt 13, 18-23

OS DEZ MANDAMENTOS

Como saber se estou desobedecendo a Deus?
Deus nos deixou algumas regras entregues à Moisés, sinais para seguirmos.  As regras, as leis existem para facilitar a nossa vida.  Quais são essas leis?
OS DEZ MANDAMENTOS
São as leis que Deus nos deixou para sabermos se estamos seguindo a Sua vontade e desta forma O estamos obedecendo.
OS DEZ MANDAMENTOS são normas para conduta humana. São prescrições morais resumidos em dez itens. Os mandamentos são força libertadora, ao invés de ser coisa que aprisiona. Na medida em que você tem um indicador para seguir, você evita cometer erros que o afastam do plano de Deus. O que Deus manda, torna-o possível pela Sua graça.
OS DEZ MANDAMENTOS descrevem as exigências do amor de Deus e do próximo: Os três primeiros se referem aos deveres do homem para com Deus, e pode ser resumido em "Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo o entendimento" (Mt 22,37). Os outros sete mandamentos se referem ao amor ao próximo. E foi resumido assim: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mc 12,31).
Entendendo os Dez Mandamentos
Os Dez Mandamentos não visam somente o melhoramento do comportamento individual, mas querem atingir a situação do povo, para ser um povo livre e fraterno. Os Dez Mandamentos são a Constituição do Povo de Deus, em vista de uma sociedade justa e igualitária.
Cada mandamento quer combater uma das causas que fazia o povo sofrer na opressão do Egito, e quer mostrar o que o povo deve fazer para manter-se verdadeiramente livre. Para entender todo o sentido dos Dez Mandamentos é fundamental ver como Jesus observou e explicou a Lei. Jesus não veio tirar ou modificar os mandamentos, mas dar-lhe sentido pleno. Prometeu também: " Quem praticar os mandamentos e os ensinar, será considerado grande no Reino do Céu" (Mt 5, 17-20).
Vamos falar de cada um dos DEZ MANDAMENTOS ensinados pela Igreja Católica Apostólica Romana. Existem divergências entre as diversas religiões, pois algumas delas não aceitam Cristo como O SALVADOR e ainda se mantém esperando pelo Messias que ainda virá, outras porém se baseiam nos textos e palavras exatamente como estão nas Escrituras, sem qualquer interpretação ou atualização e não entendendo os ajustes que o próprio Jesus Cristo efetuou, mas nós católicos devemos seguir e catequizar a todos ensinando as leis gravadas por Deus nas tábuas de pedra que entregou a Moisés no Monte Sinai. Estas são as leis de Deus que devem ser seguidas e ensinadas pelos Cristãos Católicos. Eis os mandamentos de Deus:
1°) AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS (Ex 20,2-5)
"Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forcas" (Dt 6,5).
O primeiro mandamento convida o homem a crer em Deus, a esperar nele e a amá-lo acima de tudo.
"Adorarás o Senhor teu Deus" (MT 4,10). Adorar a Deus, orar-lhe, oferecer-lhe o culto que lhe é devido, cumprir as promessas e os votos que foram feitos a ele são os atos da virtude de religião que relevam da obediência ao primeiro mandamento. O dever de prestar um culto autêntico a Deus incumbe ao homem, tanto individualmente como em sociedade.
O homem deve poder professar livremente a religião, tanto em particular como em público. A superstição é um desvio do culto que rendemos ao verdadeiro Deus. Ela se mostra particularmente na idolatria, assim como nas diferentes formas de adivinhação e de magia.
A ação de tentar a Deus, em palavras ou em atos, o sacrilégio, a simonia são pecados de irreligião proibidos pelo primeiro mandamento. Enquanto rejeita ou recusa a existência de Deus, o ateísmo é um pecado contra o primeiro mandamento.
Este mandamento se encontra na Bíblia assim: "Não terás outros deuses além de mim! Não farás para ti imagem, com semelhança alguma... não te inclinarás diante desses deuses e não os servirás..." (Ex 20,3-6). No Egito, na "casa da escravidão", a religião dos deuses era usada para reforçar o sistema e o poder do faraó. Ele fazia grandes estátuas e templos para impressionar o povo e mandava que o povo dobrasse os joelhos diante dele próprio, como se fosse um deus.
Este mandamento, portanto, quer combater essa situação, convidando o homem a crer em Deus, a esperar Nele e a amá-lo acima de tudo.
O culto às imagens sagradas está fundamentado no mistério da encarnação do Verbo de Deus. Além disso, o uso de imagens de santos se iguala ao uso dado às fotografias de nossos entes queridos. Não contraria o primeiro mandamento.

2°) NÃO TOMAR SEU SANTO NOME EM VÃO (Ex 20,7)
"Senhor nosso Deus. quão poderoso é teu nome em toda a terra"( Sl 8.11).
O segundo mandamento prescreve respeitar o nome do Senhor. O nome do Senhor é santo.
O segundo mandamento proíbe todo uso impróprio do Nome de Deus. A blasfêmia consiste em usar o Nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos santos de maneira injuriosa.
O juramento falso invoca Deus como testemunha de uma mentira. 0 perjúrio é uma falta grave contra o Senhor, sempre fiel a suas promessas.
"Não jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, se não for com verdade, necessidade e reverência".
No Batismo o cristão recebe seu nome na Igreja. Os pais, os padrinhos e o pároco cuidarão que lhe seja dado um nome cristão. O patrocínio de um santo oferece um modelo de caridade e garante a sua oração.   O cristão começa suas orações e suas ações pelo sina-da-cruz "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém"   Deus chama cada um por seu nome.
Este mandamento prescreve respeitar o nome do Senhor. O nome do Senhor é SANTO. Com isto, é proibido o uso impróprio do Nome de Deus. A blasfêmia consiste em usar o Nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos santos de maneira injuriosa.
O juramento falso invoca Deus como testemunha de uma mentira. O perjúrio é uma falta grave contra o Senhor, sempre fiel a suas promessas.
3°) GUARDAR DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA (Ex 20,8-11)
"Guardarás o dia de sábado para santificá-lo"( Dt 5,12). "No sétimo dia se fará repouso absoluto cm honra do Senhor" (Ex 31,15).
O sábado, que representava o término da primeira criação, é substituído pelo domingo, que lembra a criação nova, inaugurada com a Ressurreição de Cristo. A Igreja celebra o dia da Ressurreição de Cristo no oitavo dia, que é corretamente chamado dia do Senhor, ou domingo.
No domingo e em outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa, evitando as atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus, a alegria própria do dia do Senhor e o devido descanso da mente e do corpo.
A instituição do domingo contribui para que todos tenham tempo de repouso e de lazer suficiente para lhes permitir cultivar sua vida familiar, cultural, social e religiosa. Todo cristão deve evitar de impor sem necessidade aos outros aquilo que os impediria de guardar o dia do Senhor.
"O domingo... deve ser guardado em toda a igreja como o dia de festa por excelência ".   No domingo e em outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa e das celebrações litúrgicas.
4°) HONRAR PAI E MÃE (Ex 20,12)
"Honra teu pai e tua mãe"(Dt 5.I6; Mc 7,8).
"Filhos, obedecei a vossos pais, no Senhor, porque isso é justo. Este é o primeiro mandamento acompanhado de uma promessa: Honra teu pai e tua mãe, para que sejas feliz e tenhas longa vida sobre a terra" (Ef 6,1-3).
De acordo com o quarto mandamento, Deus quis que, depois dele, honrássemos nossos pais e os que ele, para nosso bem, investiu de autoridade. A comunidade conjugal está fundada na aliança e no consentimento dos esposos. O casamento e a família estão ordenados para o bem dos cônjuges, a procriação e a educação dos filhos.
Os filhos devem a seus pais respeito, gratidão, justa obediência e ajuda. O respeito filial favorece a harmonia de toda a vida familiar.
Os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos na fé, na oração e em todas as virtudes. Têm o dever de prover em toda a medida do possível as necessidades físicas e espirituais de seus filhos. Os pais devem respeitar e favorecer a vocação de seus filhos, ensinando que a primeira vocação do cristão consiste em seguir a Jesus.
"A salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao bem-estar da comunidade conjugal e familiar."
Lembrem-se e ensinem que a primeira vocação do cristão consiste em seguir a Jesus.   A autoridade pública deve respeitar os direitos fundamentais da pessoa humana e as condições de exercício de sua liberdade.
É dever dos cidadãos trabalhar com os poderes civis para a edificação da sociedade num espírito de verdade, de justiça, de solidariedade e de liberdade. O cidadão está obrigado em consciência a não seguir as prescrições das autoridades civis quando contrárias as exigências da ordem moral. "E preciso obedecer antes a Deus do que aos homens "(At 5,29)
Toda a sociedade baseia os seus juízos e a sua conduta numa visão do homem e do seu destino. Sem as luzes do Evangelho a respeito de Deus e do homem, as sociedades facilmente se tornam totalitárias.
5°) NÃO MATAR (Ex 20,13)
"Deus tem em seu poder a alma de todo ser vivo e o espírito de todo homem carnal" ( Jó 12,10).  Toda vida humana, desde o momento da concepção até a morte, é sagrada porque a pessoa humana foi criada por si mesma à imagem e á semelhança do Deus vivo e santo.
A vida humana é sagrada porque desde a sua origem ela encerra a ação criadora de Deus, e permanece para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. Só Deus é o dono da vida, do começo ao fim; ninguém em nenhuma circunstância pode reivindicar para si o direito de destruir diretamente um ser humano inocente.
O assassinato de um ser humano é gravemente contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador.   A proibição de matar não ab-roga o direito de tirar a um opressor injusto a possibilidade de prejudicar. A legítima defesa é um dever grave para quem é responsável pela vida alheia ou pelo bem comum.
Desde a concepção a criança tem o direito á vida. O aborto direto, isto é, o que se quer como um fim ou como um meio, é uma "prática infame" gravemente contrária à lei moral. A Igreja sanciona com pena canônica de excomunhão este delito contra a vida humana.    Visto que deve ser tratado como uma pessoa desde a sua concepção, o embrião deve ser defendido em sua integridade, cuidado e curado como qualquer outro ser humano.
A eutanásia voluntária, sejam quais forem as formas e os motivos, constitui um assassinato. É gravemente contrária à dignidade da pessoa humana e ao respeito do Deus vivo, seu Criador.
O suicídio é gravemente contrário à justiça, à esperança e à caridade. E proibido pelo quinto mandamento.    O escândalo constitui uma falta grave quando por ação ou por omissão leva deliberadamente o outro a pecar.
Por causa dos males e injustiças que toda guerra acarreta, devemos fazer tudo o que for razoavelmente possível para evitá-la.
A igreja ora: "Da fome, da peste e da guerra livrai-nos, Senhor".    A Igreja e a razão humana declaram a validade permanente da lei moral durante os conflitos armados. As práticas deliberadamente contrárias ao direito dos povos e a seus princípios universais constituem crimes.
"A corrida armamentista é a praga mais grave da humanidade, que lesa intoleravelmente os pobres".
"Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus" (Mt 5,9).

6°) NÃO PECAR CONTRA A CASTIDADE (Ex 20,14)
"O amor é a vocação fundamental e originária do ser humano".
Ao criar o ser humano homem e mulher, Deus dá a dignidade pessoal de uma maneira igual a um e outro. Cada um, homem e mulher, deve chegar a reconhecer e aceitar sua identidade sexual.
Cristo é o modelo da castidade. Todo batizado é chamado a levar uma vida casta, cada um segundo seu estado de vida próprio.   A castidade significa a integração da sexualidade na pessoa. Inclui a aprendizagem do domínio pessoal.
Entre os pecados gravemente contrários a castidade é preciso citar a masturbação, a fornicação, a pornografia e as práticas homossexuais.
A aliança que os esposos contraíram livremente implica um amor fiel. Impõe-lhes a obrigação de guardar seu casamento indissolúvel.   A fecundidade é um bem, um dom, um fim do casamento. Dando a vida, os esposos participam da paternidade de Deus.
A regulação da natalidade representa um dos aspectos da paternidade e da maternidade responsáveis. A legitimidade das intenções dos esposos não justifica o recurso a meios moralmente inadmissíveis (por exemplo: a esterilização direta ou a contracepção).
O adultério e o divórcio, a poligamia e a união livre são ofensas graves à dignidade do casamento.
7°) NÃO ROUBAR (Ex 20,15)
"Não roubarás"(Dt 5,19). "Nem os ladrões, nem os avarentos... nem os injuriosos herdarão o Reino de Deus"(1Cor 6,10).
O sétimo mandamento prescreve a prática da justiça e da caridade da administração dos bens terrenos e dos frutos do trabalho dos homens.  Os bens da criação são destinados a todo o gênero humano. O direito à propriedade privada não abole a destinação universal dos bens.
O sétimo mandamento proíbe o roubo. O roubo é a usurpação de um bem de outrem contra a vontade razoável do proprietário.  Toda a forma de apropriação e uso injusto dos bens de outrem é contrária ao sétimo mandamento. A injustiça cometida exige reparação. A justiça comutativa exige a restituição do bem roubado.
A lei moral proíbe os atos que, visando a fins mercantis ou totalitários, conduzem à servidão dos seres humanos, à sua compra, venda e troca como mercadorias.
O domínio concedido pelo Criador sobre os recursos minerais, vegetais e animais do universo não pode ser separado do respeito às obrigações moraislusive para com as gerações futuras.
Os animais são confiados à administração do homem que lhes deve benevolência. Podem servir para justa satisfação das necessidades do homem.
A Igreja emite um juízo em matéria econômica e social, quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigem. Preocupa-se com o bem comum temporal dos homens em razão de sua ordenação ao Sumo Bem, no fim último.
O próprio homem é o autor, o centro e o fim de toda a vida econômica e social. O ponto decisivo da questão social é que os bens criados por Deus para todos de fato cheguem a todos, conforme a justiça e com a ajuda da caridade.
O valor primordial do trabalho despende do próprio homem, que é seu autor e destinatário. Através de seu trabalho, o homem participa da obra da criação. Unido a Cristo, o trabalho pode ser redentor.   O verdadeiro desenvolvimento abrange o homem inteiro. O que importa é fazer crescer a capacidade de cada pessoa de responder à sua vocação, portanto ao chamamento de Deus.
A esmola dada aos pobres é um testemunho de caridade fraterna e é também uma prática de justiça que agrada a Deus.   Na multidão de seres humanos sem pão, sem teto, sem terra, como não reconhecer Lázaro, mendigo faminto da parábola?    Como não ouvir Jesus que diz: "Foi a mim que o deixastes de fazer" (Mt 25,45)
8°) NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO (Ex 20,16)
"Não levantarás falso testemunho contra teu próximo"( Ex 20,16).
Os discípulos de Cristo "revestiram-se do homem novo, criado segundo Deus na justiça e santidade da verdade" (Ef 4, 24).
A verdade ou veracidade é a virtude que consiste em mostra-se verdadeiro no agir e no falar, fugindo da duplicidade, da simulação e da hipocrisia.   O cristão não deve "se envergonhar de dar testemunho de Nosso Senhor" (2Tm 1,8) em atos e palavras. O martírio é o supremo testemunho prestado à verdade da fé.
Este mandamento proíbe falsear a verdade nas relações com os outros. Essa proibição moral decorre da vocação do povo santo a ser testemunha de seu Deus, que é e quer a verdade.
O respeito à reputação e à honra das pessoas proíbe toda atitude ou palavra de maledicência ou calúnia.   A mentira consiste em dizer o que é falso com a intenção de enganar o próximo, que tem direito à verdade.
Toda falta cometida contra a verdade exige reparação.    A regra de ouro ajuda a discernir, nas situações concretas, se convém ou não revelar a verdade àquele que a pede.
"O sigilo sacramental é inviolável". Os segredos profissionais devem ser guardados. As confidências prejudiciais a outros não devem ser divulgadas.  A sociedade tem direito a uma informação fundada na verdade, na liberdade e na justiça. E conveniente que se imponham moderação e disciplina no uso dos meios de comunicação social.
As artes, mas sobretudo a arte sacra, têm em vista, "por natureza, exprimir de alguma forma nas obras humanas a beleza infinita de Deus e procuram aumentar seu louvor e sua glória na medida em que não tiverem outro propósito senão o de contribuir poderosamente para encaminhar os corações humanos de Deus".
9°) NÃO DESEJAR A MULHER DO PRÓXIMO (Ex 20,17)
"Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração" ( Mt 5,28).
O nono mandamento adverte contra a cobiça ou concupiscência carnal.   A luta contra a cobiça carnal passa pela purificação do coração e a prática da temperança.
A pureza do coração nos permitirá ver a Deus e nos permite desde já ver todas as coisas segundo Deus.   A purificação do coração exige a oração, a prática da castidade, a pureza da intenção e do olhar.
A pureza do coração exige o pudor que é paciência, modéstia e discrição. O pudor preserva a intimidade da pessoa.
10°) NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS (Ex 20,17)
"Onde está teu tesouro, aí estará teu coração"( Mt 6,21).
O décimo mandamento proíbe a ambição desregrada, nascida da paixão imoderada das riquezas e de seu poder.
A inveja é a tristeza sentida diante do bem de outrem e o desejo imoderado de dele se apropriar é um vício capital. O batizado combate a inveja pela benevolência, a humildade e abandono nas mãos da Providencia divina.
Os fiéis de Cristo "crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências" (Gl 5,24); são conduzidos pelo Espírito e seguem seus desejos.
O desapego das riquezas é necessário para entrar no Reino dos Céus. "Bem-aventurados os pobres de coração ".
Eis o verdadeiro desejo do homem: "Quero ver a Deus". A sede de Deus é saciada pela água da Vida Eterna.

EXCURSUS: NORMAS DA INTERPRETAÇÃO EVANGÉLICA
- A interpretação deve ser fácil, tirada do que é o evangelho: boa nova.
- Os evangelhos são uma condescendência, um beneplácito, uma gratuidade, um amor misericordioso de Deus para com os homens. Presença amorosa e gratuita de Deus na vida humana.
- Jesus é a face do Deus misericordioso que busca o pecador, que o acolhe e que não se importa com a moralidade ou com a ética humana, mas quer mostrar sua condescendência e beneplácito, como os anjos cantavam e os pastores ouviram no dia de natal: é o Deus da eudokias, dos homens a quem ele quer bem e quer salvar, porque os ama.
Interpretação errada do evangelho:
- Um chamado à ética e à moral em que se pede ao homem mais que uma predisposição, uma série de qualidades para poder ser amado por Deus.
- Só os bons se salvam. Como se Deus não pudesse salvar a quem quiser (Fará destas pedras filhos de Abraão).
Consequências:
- O evangelho é um apelo para que o homem descubra a face misericordiosa de Deus [=Cristo] e se entregue de um modo confiante e total nos braços do Pai como filho que é amado.
- O olhar com a lente da ética, transforma o homem num escravo ou jornaleiro:aquele age pelo temor, este pelo prêmio.
- O olhar com a lente da misericórdia, transforma o homem num filho que atua pelo amor.
- O pai ama o filho independentemente deste se mostrar bom ou mau. Só porque ele é seu filho e deve amá-lo e cuidar dele.
- Só através desta ótica ou lente é que encontraremos nos evangelhos a mensagem do Pai e com ela a alegria da boa nova e a esperança de um feliz encontro definitivo. Porque sabemos que estamos na mira de um Pai que nos ama de modo infinito por cima de qualquer fragilidade humana.

QUE DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
Oh! meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno,
levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente
as que mais precisarem!
Graças e louvores se dê a todo momento:
ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento!
Mensagem:
"O Senhor é meu pastor, nada me faltará!"
"O bem mais precioso que temos é o dia de hoje!    Este é o dia que nos fez o Senhor Deus!  Regozijemo-nos e alegremo-nos nele!".

( Salmos )
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26 de julho de 2012

Sagrado Coração de Jesus



A devoção ao Coração de Jesus já existia na Idade Média. Como festa litúrgica, aparece em 1675, após as aparições do Senhor a Santa Margarida Maria Alacoque. Nestas revelações, a Santa ganhou uma consciência extremamente viva da necessidade de reparar pelos pecados pessoais e de todo o mundo, e de corresponder ao amor de Cristo. A festa celebrou-se pela primeira vez em 21 de junho de 1686. Pio IX estendeu-a a toda a Igreja. Pio XI, em 1928, deu-lhe o esplendor atual.


Sob o símbolo do Coração humano de Jesus, considera-se sobretudo o Amor infinito de Cristo por cada homem; por isso, o culto ao Sagrado Coração “nasce das próprias fontes do dogma católico”, como o Papa João Paulo II expôs na sua abundante catequese sobre este mistério tão consolador.

 

I. OS PROJETOS DO CORAÇÃO do Senhor permanecem ao longo das gerações, para libertar da morte todos os homens e conservar-lhes a vida em tempo de penúria1, lemos no começo da Missa.


O caráter desta Solenidade que hoje celebramos é duplo: de ação de graças pelas maravilhas do amor de Deus e de reparação, porque freqüentemente este amor é pouco ou mal correspondido2, mesmo por aqueles que têm tantos motivos para amar e agradecer. A consideração do amor de Jesus por todos os homens sempre foi o fundamento da piedade cristã; por isso, o culto ao Sagrado Coração de Jesus “nasce das próprias fontes do dogma católico”3. Por outro lado, recebeu um forte impulso da devoção e piedade de numerosos santos a quem o Senhor mostrou os segredos do seu Coração amabilíssimo, movendo-os a difundir esse culto e a fomentar o espírito de reparação.


Numa sexta-feira da oitava da festa do Corpus Christi, o Senhor pediu a Santa Margarida Maria de Alacoque que promovesse o amor à comunhão freqüente, sobretudo nas primeiras sextas-feiras de cada mês. Devia ser uma prática reparadora, e o Senhor prometeu-lhe fazê-la participar – nas noites dessa primeira quinta para sexta-feira de cada mês – do seu sofrimento no Horto das Oliveiras. Tornou a aparecer-lhe um ano mais tarde e, mostrando-lhe o seu Coração Sacratíssimo, dirigiu-lhe estas palavras, que têm alimentado a piedade de tantas almas: Olha este Coração que tanto amou os homens e que a nada se poupou até esgotar-se e consumir-se para lhes manifestar o seu amor; e em reconhecimento, Eu não recebo da maioria dos homens senão ingratidões pelas suas irreverências e sacrilégios e pela frieza e desprezo com que me tratam neste sacramento de amor. Mas o que mais me dói é ver-me tratado assim por almas que me estão consagradas. Por isso te peço que se dedique a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento a uma festa particular destinada a honrar o meu Coração, comungando nesse dia e desagravando-me com algum ato de reparação…


Jesus, Deus e Homem verdadeiro, ama o mundo com “coração de homem”, um Coração que serve de vazão ao amor infinito de Deus. Ninguém nos amou mais do que Jesus, ninguém nos amará mais.

Em muitos lugares, existe o costume privado de desagravar o Sagrado Coração de Jesus com algum ato eucarístico ou com a recitação das ladainhas do Sagrado Coração, na primeira sexta-feira de cada mês. Além disso, “o mês de junho é especialmente dedicado à veneração do Coração divino.


Não apenas um dia – a festa litúrgica cai normalmente dentro do mês de junho –, mas todos os dias do mês”4.


O Coração de Jesus é fonte e expressão do seu infinito amor por cada homem, seja qual for a sua situação: Eu mesmo – diz um belíssimo texto do profeta Ezequiel – cuidarei das minhas ovelhas e velarei por elas. Assim como o pastor se preocupa com o seu rebanho, quando vê as ovelhas dispersarem-se, assim eu me preocuparei com o meu; eu o reconduzirei de todos os lugares por onde se tenha dispersado num dia de nuvens e de trevas5. Cada um de nós é uma criatura que o Pai confiou ao Filho para que não pereça, ainda que tenha ido para longe.


Jesus, Deus e Homem verdadeiro, ama o mundo com “coração de homem”6, um Coração que serve de vazão ao amor infinito de Deus. Ninguém nos amou mais do que Jesus, ninguém nos amará mais. Ele me amou e se entregou por mim7, diz São Paulo, e cada um de nós pode repeti-lo. O seu Coração está repleto do amor do Pai: repleto à maneira divina e ao mesmo tempo humana.


II. O CORAÇÃO DE JESUS amou como nenhum outro; experimentou alegria e tristeza, compaixão e pena. Os Evangelistas anotam com muita freqüência: Tinha compaixão da multidão8,tinha compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor9. O pequeno êxito dos Apóstolos na sua primeira missão evangelizadora fez com que Jesus se sentisse como nós quando recebemos uma boa notícia: Encheu-se de alegria, diz São Lucas10; e chora quando a morte lhe arrebata um amigo11.


Também não ocultou as suas desilusões: Jerusalém, que matas os profetas! [...] Quantas vezes eu quis reunir os teus filhos…12 Jesus vê a história do Antigo Testamento e de toda a humanidade: uma parte do povo judeu e dos gentios de todos os tempos rejeitará o amor e a misericórdia divina. De alguma maneira podemos dizer que Deus chora com os seus olhos humanos por causa do sofrimento que aflige o seu coração de homem. E este é o significado real da devoção ao Sagrado Coração: traduzir-nos a natureza divina em termos humanos. Não foi indiferente para Jesus – não lhe é agora no nosso trato diário com Ele – ver que uns leprosos não voltavam para agradecer-lhe a cura, ou que um anfitrião omitia as mostras de delicadeza ou hospitalidade que se têm com um convidado, como dirá a Simão o fariseu. Em contrapartida, experimentou em muitas ocasiões a imensa alegria de ver que alguém se arrependia dos seus pecados e o seguia, ou a generosidade dos que deixavam tudo para segui-lo, e contagiou-se com a alegria dos cegos que começavam a enxergar, talvez pela primeira vez.


Antes de celebrar a Última Ceia, ao pensar que ficaria para sempre conosco mediante a instituição da Eucaristia, manifestou aos seus mais íntimos: Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de padecer13; emoção que deve ter sido muito mais profunda quando tomou o pão, deu graças, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: Isto é o meu Corpo…14 E quem poderá explicar os sentimentos do seu Coração amabilíssimo quando nos deu no Calvário a sua Mãe como Mãe nossa?


Mal expirou, um dos soldados atravessou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água15. Essa ferida recorda-nos hoje o imenso amor que Jesus tem por nós, pois derramou voluntariamente até a última gota do seu precioso Sangue por cada um de nós, por mim, como se não houvesse mais ninguém no mundo. Como não havemos de aproximar-nos dEle com confiança? Que misérias humildemente reconhecidas podem impedir o nosso amor?


“Mostrando a Santa Margarida Maria o seu Coração Sacratíssimo, dirigiu-lhe Jesus estas palavras, que têm alimentado a piedade de tantas almas: Olha este Coração que tanto amou os homens e que a nada se poupou até esgotar-se e consumir-se para lhes manifestar o seu amor; e em reconhecimento, Eu não recebo da maioria dos homens senão ingratidões pelas suas irreverências e sacrilégios e pela frieza e desprezo com que me tratam neste sacramento de amor. Mas o que mais me dói é ver-me tratado assim por almas que me estão consagradas...”

III. DEPOIS DA ASCENSÃO AOS CÉUS com o seu Corpo glorioso, Jesus não cessa de amar-nos, de chamar-nos para que vivamos sempre muito perto do seu Coração amabilíssimo. “Mesmo na glória do Céu, ostenta nas feridas das suas mãos, dos seus pés e do seu lado os resplandecentes troféus da sua tríplice vitória: sobre o demônio, sobre o pecado e sobre a morte; traz, além disso, no seu Coração, como numa arca preciosíssima, os imensos tesouros dos seus méritos, fruto da sua tríplice vitória, que agora distribui generosamente pelo gênero humano já redimido”16.


Hoje, nesta Solenidade, adoramos o Coração Sacratíssimo de Jesus “como participação e símbolo natural – o mais expressivo – daquele amor inexaurível que o nosso Divino Redentor sente ainda hoje pelo gênero humano. Já não está submetido às perturbações desta vida mortal; no entanto, vive e palpita e está unido de modo indissolúvel à Pessoa do Verbo divino, e nela e por ela, à sua divina vontade. E porque o Coração de Cristo transborda de amor divino e humano, e porque está cheio dos tesouros de todas as graças que o nosso Redentor adquiriu pelos méritos da sua vida, padecimentos e morte, é, sem dúvida, a fonte perene daquele amor que o seu Espírito comunica a todos os membros do seu Corpo Místico”17.


Ao meditarmos hoje sobre o amor que Cristo tem por nós, sentir-nos-emos movidos a agradecer profundamente tanto dom, tanta misericórdia imerecida. E ao vermos como muitos vivem de costas para Deus, como nós mesmos não somos muitas vezes plenamente fiéis, que são muitas as nossas fraquezas, iremos ao seu Coração amabilíssimo e ali encontraremos a paz. Teremos que recorrer muitas vezes ao seu amor misericordioso em busca dessa paz, que é fruto do Espírito Santo: Cor Iesu sacratissimum et misericors, dona nobis pacem, Coração sacratíssimo e misericordioso de Jesus, dai-nos a paz.


E a certeza de que Jesus está tão perto das nossas preocupações e dos nossos problemas e ideais levar-nos-á a dizer-lhe: “Obrigado, meu Jesus!, porque quiseste fazer-te perfeito Homem, com um Coração amante e amabilíssimo, que ama até à morte e sofre; que se enche de gozo e de dor; que se entusiasma com os caminhos dos homens e nos mostra aquele que conduz ao Céu; que se submete heroicamente ao dever e se guia pela misericórdia; que vela pelos pobres e pelos ricos; que cuida dos pecadores e dos justos… – Obrigado, meu Jesus, e dá-nos um coração à medida do Teu!”18


Muito perto de Jesus, encontramos sempre a sua Mãe. Recorremos a Ela ao terminarmos a nossa oração e pedimos-lhe que torne firme e seguro o caminho que nos conduz ao seu Filho.


(1) Sl 32, 11.19; Antífona de entrada da Missa da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus; (2) cfr. A. G. Martimort, La Iglesia en oración, pág. 97; (3) Pio XII, Enc. Haurietis aquas, 15-V-1956, 27; (4) João Paulo II,Angelus, 27-VI-1982; (5) Ez 34, 11-16; Primeira leitura, ib., ciclo C; (6) Conc. Vat. II, Const. Gaudium et spes, 22; (7) Gal 2, 20; (8) Mc 8, 2; (9) Mc 6, 34; (10) Lc 10, 21; (11) cfr. Jo 11, 35; (12) Mt 23, 17; (13) Lc 22, 15; (14) cfr. Lc 22, 19-20; (15) Jo 19, 34; (16) Pio XII, op. cit., 22; (17) ib.; (18) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 813.

Pe. Francisco F. Carvajal.